A saída de João Doria (PSDB), por livre e espontânea pressão, será boa para os candidatos ao governo nos estados. O ex-governador de São Paulo era um peso que ninguém queria carregar.
Raquel Lyra (PSDB) colocada como uma das prioridades da sigla para o Brasil é uma das que mais se beneficia. Além de Doria desistir, a escolha do partido pela emedebista Simone Tebet ajuda muito candidatas mulheres, como Raquel. Fica mais fácil usar a questão de gênero quando a chapa inteira é formada por mulheres, desde a nacional.
O argumento é mais forte. E Simone, longe de ter alguma chance de vitória, também não é uma candidata que atrapalha. Doria atrapalhava muito, tinha grande rejeição entre eleitores mais à direita e é odiado por bolsonaristas.
Num segundo turno, no qual Raquel ainda pode chegar, a ligação com o ex-candidato poderia atrapalhar muito.
E tem outra questão, esta muito importante. Sem uma eleição presidencial própria, apenas dando apoio ao MDB com Tebet, o PSDB vai gastar menos dinheiro com a eleição majoritária nacional.
Sobra mais para candidaturas estaduais. Raquel terá mais dinheiro do partido para gastar em Pernambuco. Sem Doria, o dinheiro vai chegar muito mais fácil.
Doria afetava pouco a eleição, porque era minúsculo. Mas a saída dele mexe muito com o PSDB, que respira para tentar sobreviver nos estados.
Numa disputa como a da ex-prefeita de Caruaru em Pernambuco, na qual é preciso lutar contra a máquina pública do PSB e a partidária do União Brasil, isso conta.