Reclamar das urnas eletrônicas já faz parte do calendário bolsonarista. É a prévia do sete de setembro

É quase como o esquenta para uma micareta. Sempre começa em julho e termina em setembro, no feriado. Mas esse ano tem eleição
Igor Maciel
Publicado em 15/07/2022 às 11:00
Urna eletrônica, as eleições no Nordeste são difíceis para Bolsonaro Foto: ANTONIO AUGUSTO/ASCOM/TSE


Voltando um pouco no tempo, lembra-se que a discussão sobre voto impresso teve início há exatamente um ano e arrefeceu em setembro. A manobra é muito parecida, quase idêntica no calendário. Em julho de 2021 aconteceram os questionamentos. Entre julho e agosto, Bolsonaro (PL) promete apresentar provas de fraudes nas urnas (que não apresentou). Em setembro, os bolsonaristas fazem um grande evento no sete de setembro e, então, o presidente recua.

A coluna já destacou aqui, em outros momentos, a estratégia de avançar e recolher do presidente Jair Bolsonaro com seus apoiadores mais fanáticos. O chefe do Executivo tem, segundo pesquisas recentes feitas pelo Instituto da Democracia, cerca de 15% de eleitores fiéis. É o chamado voto duro. Sua base quase impenetrável. Esses eleitores, em sua maioria, são radicais e se alimentam de teorias da conspiração ou do antipetismo. Eles precisam ser nutridos.

Bolsonaro precisa crescer, mas não pode fazer isso perdendo sua base. Por isso ele costuma fazer movimentos mais radicais para agradá-los e depois recolhe um pouco para não parecer radical e tentar conquistar eleitores fora da bolha. Em 2021, o barulho com o voto impresso auditável durou três meses, de julho a setembro. Em julho, a reclamação, entre julho e agosto houve a promessa de apresentação de provas. Em setembro, evento com bolsonaristas e muitos ataques às urnas. Quando o clima institucional ficou insustentável, Bolsonaro simplesmente fez sinais de que estava tudo bem de novo e parou de reclamar.

Os acontecimentos de 2022 mostram que virou quase um evento oficial do “calendário bolsonarista”. O assunto voltou a ser levantado em julho. Semana passada, Bolsonaro prometeu que receberia 50 embaixadores e mostraria a eles provas de fraudes nas urnas. Agora, está marcando para o dia sete de setembro uma “grande mobilização”.

Mesmo roteiro, com a diferença que este ano tem uma eleição, menos de 30 dias após o feriado da Independência.

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