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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

7 DE SETEMBRO: Bolsonaro saiu de casa para comprar leite e ovos, mas voltou com suco de caju

O resultado das manifestações do feriado para os bolsonaristas

Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 07/09/2022 às 18:25 | Atualizado em 07/09/2022 às 19:33
INDEPENDÊNCIA Para ministro do TSE, o presidente desconsiderou a data cívica e agiu como candidato - ALAN SANTOS/PR

O carrinho de Bolsonaro (PL) saiu desse 7 de setembro cheio do que já estava na geladeira dele. Imagine que o presidente, antes de sair de casa, deu uma olhada na geladeira e, tendo que fazer um bolo, precisava comprar ovos e leite.

A geladeira estava cheia com suco de caju e nada mais. O presidente, então, promoveu uma ida ao supermercado durante o feriado. Sua lista tinha farinha, ovos, leite e um chocolate para adoçar os dias que, ultimamente, andam amargos.

A ida ao mercado foi um sucesso, exceto pelo que resultou na sacola. Ao chegar em casa, foi guardar as compras e percebeu que só trouxe para casa mais suco de caju.

Bolsonaro durante discurso após desfile do 7 de setembro em Brasília - RUY BARON / AFP

Bolsonaro tem recebido listas de sua equipe de campanha. No debate da Band precisava se aproximar do eleitorado feminino, mas acabou criando caso com as mulheres novamente. Agora, a ordem era conquistar eleitores que ainda não votam nele. A instrução era ser menos radical e conquistar, principalmente, as mulheres.

Ele conseguiu evitar um clima belicoso durante as comemorações do Bicentenário da Independência que, em seu próprio benefício, decidiu transformar em evento de campanha.

Aqui é bom dizer: não existia, e nem existe, ambiente para um “golpe de estado” ou coisa do tipo. Isso é algo que está mais na fantasia de alguns setores da imprensa e da oposição do que no entorno de Bolsonaro. O presidente não afasta a ideia completamente porque sabe que isso o mantém nas manchetes. Mas até ele sabe que não tem força para isso.

Bolsonaro no Rio de Janeiro no 7 de setembro - IVAN PACHECO / AFP

A questão é que nos eventos do feriado nacional ele poderia ter contrariado as manchetes e feito acenos de paz e concórdia, o que deixaria sua imagem mais palatável para um eleitorado feminino.

E não se está aqui falando das mulheres que simpatizam com a esquerda, hoje eleitoras de Lula (PT), mas das mulheres evangélicas, um grupo que Bolsonaro não tem conseguido conquistar.

Ele poderia também fazer acenos a eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Pesquisas desta semana mostraram que metade das intenções de voto dos dois poderá migrar para Lula num segundo turno. E os outros? E se Bolsonaro conseguisse atrair ao menos 10% ou 15% de quem, hoje, aposta numa “terceira via”? Essas pessoas não votam no PT por causa da corrupção e evitam Bolsonaro por causa de seu discurso radical.

 

Bolsonaro em Brasília no 7 de setembro - RUY BARON / AFP

Nos eventos de hoje, apesar das instruções que recebeu, quando fez discursos sobre ser “imbrochável” ou quando soltou indiretas contra o Poder Judiciário para incitar a plateia, quando reduziu a eleição a uma “luta do bem contra o mal” e quando colocou um empresário investigado pela Polícia Federal ao seu lado na Tribuna de Honra, Bolsonaro só conseguiu mais suco de caju.

O feriado de 7 de setembro começou com bolsonaristas apoiando fortemente Bolsonaro e terminou com bolsonaristas apoiando fortemente Bolsonaro. Mais suco de caju.

Agregador de pesquisas JC

Confira abaixo os números do agregador de pesquisas do JC com a Oddspointer:

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