Destaques e análises políticas do Brasil e Pernambuco, com Igor Maciel

Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Em nova polêmica, Luciano Bivar estaria retendo dinheiro para candidatos que podem ter mais votos que ele no UB

Mendonça Filho e Fernando Filho estariam sendo prejudicados com retenção de verbas e ausência em guias eleitorais.

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Igor Maciel

Publicado em 12/09/2022 às 18:37 | Atualizado em 12/09/2022 às 18:39
O União Brasil, de Luciano Bivar, tem a maior fatia do Fundão Eleitoral - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

O que acontece quando um autocrata é inserido num sistema democrático?

Simples: o indivíduo transforma o sistema ou o sistema transforma o indivíduo.

Não há convivência tranquila, mas a apropriação de um pelo outro.

A novela que envolve o União Brasil em Pernambuco decorre disso. O deputado Luciano Bivar, presidente nacional, conduzia o PSL como uma autocracia. Ele tinha a primeira palavra e a última em tudo.

Ao se fundir com o DEM, encontrou-se com um sistema partidário democrático no qual vários grupos têm voz.

Nos últimos meses, ele protagonizou polêmicas nacionais e estaduais dignas de uma ópera-bufa.

Convidou Sergio Moro (UB) ao partido para ser candidato a presidente, sem combinar com os pares, e foi obrigado a desconvidar e encontrar uma solução depois.

Em seguida, lançou-se candidato a presidente ele próprio, até perceber que não iria conseguir nem 1% das intenções de voto para negociar com outros candidatos e foi obrigado a desistir.

Decidiu ser candidato à reeleição como deputado em Pernambuco, mesmo depois de dizer que não tinha interesse na reeleição, bagunçando toda a chapa que já estava montada (e bem montada) com os nomes locais.

O União Brasil, por exemplo, tinha uma eleição praticamente certa com Dilson Oliveira (UB) na chapa de estadual e ele foi “obrigado” a migrar para federal, sob ameaça de ter a legenda negada, porque Bivar precisava de ajuda para ter chance.

Sem falar em toda a insegurança que causou à candidatura de Miguel Coelho (UB) ao governo, com incertezas sobre ter palanque local ou não.

Mendonça

Mesmo depois que isso se resolveu, o deputado que preside o União Brasil agora é centro de nova polêmica. Candidato a deputado federal, o ex-ministro Mendonça Filho (UB) reclama que a direção estadual, sob ordens de Bivar, o destituiu ilegalmente da direção municipal do partido, no Recife.

Isso teria acontecido no início do processo eleitoral, mas só veio à tona agora. O caso está na Justiça, porque, segundo o candidato a deputado, foi feito de forma ilegal.

Na última semana, Mendonça e Fernando Filho (UB), que também disputa vaga de federal, teriam sido cortados do guia eleitoral. Só quem aparece nos programas de TV e Rádio é Bivar e os outros candidatos que podem fazer base para ele.

Completando a ópera-bufa, segundo Mendonça Filho, Bivar estaria retendo doações feitas por pessoas físicas com o ex-ministro como destinatário. Doadores enviam o dinheiro, o partido recebe, mas não repassa para a campanha do ex-ministro.

É como se fosse uma tentativa de Bivar com o objetivo de asfixiar a candidatura de quem pode ter mais votos do que ele, enquanto tenta reforçar a base (abaixo dele) para ter garantia de ser reeleito.

Mendonça caminha, junto com Fernando Bezerra Filho, para ter a maior votação da sigla.

No plano nacional, sem conseguir brigar com ACM Neto (UB) ou Ronaldo Caiado (UB), Bivar precisou se render ao grupo. Agora, tenta medir forças com o grupo em âmbito regional.

Ou a instituição transforma o autocrata ou o autocrata transforma a instituição. O processo local está em curso.

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