Quando a genialidade esquece de combinar o preço das coisas: o político e o financeiro

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (15)
Igor Maciel
Publicado em 15/03/2023 às 0:01
Márcio França é o ministro de Porto e Aeroportos Foto: HUMBERTO PRADERA / PSB


O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), foi chamado de “gênio” por Lula (PT). Não foi um elogio, mas uma ironia.

Acontece que o socialista anunciou, no sábado (11), um novo programa do governo que iria comprar passagens excedentes de empresas aéreas e revender a preços populares para que as pessoas viajassem mais. Até aí tudo bem.

O problema é que França esqueceu de combinar com as empresas aéreas, as agências de viagem, o ministro da Fazenda, a ministra do Planejamento e o chefe da Casa Civil.

Esqueceu de combinar com o presidente Lula, também. Faltou “só” isso, coisa pouca.

Antes de uma reunião ministerial, a qual França não compareceu, Lula disse que se algum ministro tivesse qualquer “genialidade”, era importante avisar à Casa Civil, para que se possa conversar com o “autor da genialidade” e as ações sejam anunciadas como “de governo” e não “do ministro”.

E mais, disse que é preciso falar com Fernando Haddad e Simone Tebet, das pastas de Fazenda e Planejamento, “para que eles digam se tem dinheiro”. O presidente não citou nominalmente Márcio França, mas o alvo era o ex-governador de São Paulo.

França vive uma situação complicada, pois queria ser ministro das Cidades, foi indicado pelo PSB, e o PT não permitiu. O ministério de Portos e Aeroportos foi inventado apenas para acomodá-lo.

Estamos falando de um ex-governador que pretende, se for possível, ter forças para disputar a prefeitura de São Paulo em 2024 e depende da visibilidade que terá numa pasta cuja inutilidade parece ser mais notável do que sua existência.

É preciso muita “genialidade” pra tirar leite dessa pedra e Lula já avisou que não quer gênios no governo. Complicou.

Sintoma

O governo Raquel Lyra (PSDB) sofreu uma derrota na Alepe. É a primeira desde o início da gestão e tem a ver com o que a coluna vem alertando sobre a existência da “bancada independente”. Acaba sendo difícil de confiar.

O governo esperava que a comissão de Educação ficasse sob o comando do deputado estadual Renato Antunes (PL) e articulou para isso. A expectativa recaiu sobre a escolha do deputado Romero Albuquerque (UB) que acabou votando em Waldemar Borges (PSB), o eleito.

A derrota do governo pode ser reflexo, também, de um afastamento ainda pontual do União Brasil, depois que Miguel Coelho (UB) terminou sem nenhum espaço na gestão Raquel.

Embora o grupo dos Coelho e o União Brasil tenham dado a entender que apoiam o governo, alguns recados velados estão sendo transmitidos. Semana passada, circulou nos bastidores que o ex-senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) teria conversado com João Campos (PSB).

Agora, a derrota imposta na Assembleia, mesmo sendo em algo tão particular como uma comissão temática, parece ser mais um sinal de “afastamento calculado”.

Uma bancada independente, que vota sem compromisso com a oposição ou com o governo, é algo imprevisível.

Ao mesmo tempo, evitar diálogos com grupos políticos que encerraram o último período eleitoral em ascensão pode se transformar num mal difícil de remediar.

Sintomas de que é preciso articular melhor a política já estão aparecendo.

Mulher

Erika Machado, reitora do Centro Universitário UniFBV Wyden e Daniela Madruga, coordenadora do curso de Direito, recebem, hoje (15), a vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão (PDT); Daisy Andrade, desembargadora do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e Glauce Medeiros, secretária da Mulher da Prefeitura do Recife, para a aula magna do curso de Direito.

O evento, aberto ao público, tem como objetivo discutir a participação da mulher como gestora e a paridade de gênero.

A aula magna terá a mediação da advogada e professora universitária, Fabiana Leite.

Está?

A Câmara Municipal do Recife promove, hoje (15), a audiência pública “O Recife está preparado para as chuvas?”.

O encontro, realizado por iniciativa da vereadora Liana Cirne (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Legislativo Municipal, conta com participações de representantes da Prefeitura do Recife, Defesa Civil, Ministério Público, Universidades e organizações da sociedade civil.

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