A governadora Raquel Lyra (PSDB) pode até não estar tendo a relação que alguns deputados na Alepe esperavam que ela tivesse. Mas o discurso da chefe do executivo estadual com os prefeitos de Pernambuco, durante solenidade de entrega de ônibus escolares, nesta quinta-feira (4), foi um samba de várias notas em cima de um tom único: “união”.
E tem razão de ser.
A bancada lá
Para começo de conversa, apesar da insistência de alguns em fazer parecer que o clima entre o Palácio do Campo das Princesas e a Alepe está no mesmo nível de tensão que esteve em 2023, o que se viu nesse evento foram mais de 20 deputados estaduais, sentados, tranquilos, reagindo ao discurso da governadora com aplausos e sorrisos. E olha que a Alepe está em recesso.
Os deputados poderiam estar viajando de férias, mas foram prestigiar a solenidade da governadora.
Barulho de isopor
De verdade, o que parece é que o grupo de oposição, atuante como não se via há muitos anos, é pródigo em transformar num terremoto o que não passa de tremelique. Qualquer falha de interpretação em ofício institucional vira “crise entre poderes”.
Fazia tempo que os pernambucanos não tinham uma oposição no estado. Mas é assim que funciona. Tendo bom ritmo, basta um pedaço de isopor e se faz carnaval. O PSB conhece o ritmo e sabe fazer barulho. O reforço do presidente da Assembleia acaba ajudando os socialistas.
Lula lá e cá
Mas no discurso da solenidade em que citou cada um dos mais de 20 deputados presentes, Raquel repetiu a palavra união com o mesmo sentido que ouviu de Lula (PT). Isso chamou a atenção.
A governadora fez questão de repetir o pensamento sobre trabalhar junto independente do partido político. O mesmo que ela ouve sempre do presidente foi o que os prefeitos escutaram no Palácio. É a senha para a distribuição de verbas entre os municípios do estado.
Lei eleitoral
O detalhe é que foi o último encontro formal em solenidades, de muitos desses prefeitos, neste mandato, com a governadora Raquel Lyra. Por causa da lei eleitoral, os gestores que serão candidatos não podem mais participar de solenidades oficiais e ficam mais limitados para estarem presentes em alguns anúncios.
A governadora até brincou, disse para que os gestores não se acomodassem e separassem terrenos para construção de creches, corressem com suas próprias demandas, que ela estaria lá para atendê-los dentro do prazo legal. Bom sinal.
União
Independente de ser algo defendido por Lula ou por Raquel, independente de ser algo construído sob uma bandeira ideológica, econômica, desenvolvimentista ou liberal, é preciso quebrar a polarização política e suplantar interesses pessoais para fazer valer o que o Brasil, Pernambuco e os municípios têm de mais importante, que é o seu povo.
Fiepe
De passagem pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, nesta quinta-feira (4) para uma visita, o novo presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco, Bruno Veloso, falou exatamente sobre esse requisito da união de todos para que o Brasil volte a crescer com mais volume.
Araripe
Em Araripina, por exemplo, há um trabalho de implantação da oferta de gás natural para a indústria gesseira da região que reúne Fiepe, Copergás e Banco do Nordeste.
Os produtores locais precisam da energia gerada pelo gás, para usar essa nova fonte de energia precisam de convênio com o BNB para transformar o maquinário de suas indústrias, o uso do gás irá ajudar na recomposição do meio-ambiente, porque substitui a lenha.
Frutos
A Fiepe presidida por Veloso, o Banco do Nordeste presidido pelo ex-governador Paulo Câmara e a Copergás comandada, no topo, pela governadora Raquel Lyra, podem mudar a realidade local no Sertão do Araripe.
Ninguém precisa ser amigo ou se filiar aos mesmos partidos. É até bom que isso não aconteça. Mas toda união com bons propósitos gera bons frutos.