Fazer greve dos Correios em plena pandemia é perversidade

O ministro das Comunicações, Fábio Farias, avisou que não negocia com grevistas que prejudicam o País para preservar privilégios como o "vale-peru" anual de R$1 mil
Cláudio Humberto
Publicado em 14/09/2020 às 7:08
Com os Correios nessa situação, difícil será achar quem queira. Fechar pode ser a opção. Foto: DIVULGACÃO/SINTECT


Greve exige regalias de R$ 600 milhões nos Correios

A greve anual dos Correios perde sentido a cada edição, e em 2020 chegou à perversidade de ser decretada em plena pandemia, quando o País mais precisava dos seus serviços. O ministro das Comunicações, Fábio Farias, avisou que não negocia com grevistas que prejudicam o País para preservar privilégios como o "vale-peru" anual de R$1 mil. Esta e outras regalias aos quase cem mil funcionários custam R$ 600 milhões por ano a uma estatal cambaleante, com folha salarial de R$ 12 bilhões. Os prejuízos somam quase R$2,5 bilhões só em 2020, mas os pelegos fingem não perceber que a cada greve os Correios se inviabilizam mais. Até em férias, funcionários dos Correios recebem "auxílio-alimentação" de R$1 mil. Se trabalhar em dia de repouso, ganha adicional de 200%. Pela lei, o trabalhador tem direito a abono de férias correspondente a um terço de seu salário. Mesmo quebrados, os Correios pagam dois terços. Outro pretexto para greve é a "ameaça de privatização". Com os Correios nesta situação, difícil será achar quem queira. Fechar pode ser a opção.

Tudo para ficar no controle

Se a expectativa de poder faz milagres, a certeza de perda de poder às vezes desnorteia. A quatro meses e meio do fim do mandato de presidente da Câmara e com limitadas chances de reeleição, Rodrigo Maia dá entrevistas sobre o trâmite de reformas, como a administrativa, mesmo sabendo que certamente serão consumadas somente pelo sucessor, até pela falta de acordo e o tempo exíguo. Prestes a sair de cena, ele encontra nos holofotes formas de manter a relevância. Para atrair atenções, Rodrigo Maia arruma confusão com Bolsonaro, Paulo Guedes etc. É, como ele diz, um "ótimo produtor de notícias". Com pandemia, recesso de mais de um mês, eleição e campanha no Congresso, na prática restam-lhe dois meses úteis no cargo.

Mosca azul

Diferente de Maia, presidente desde 2016, Alcolumbre está no cargo há um ano e meio e não desistiu da manobra de alterar a Constituição.

Que eleição?

Faltam dois meses para a eleição municipal deste ano, mas apenas o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, faz um comovente esforço de manter o assunto vivo no noticiário. Ninguém está nem aí.

Incômodo

Todo os colegas, sem exceção, devotam enormes respeito e admiração pelo ministro Celso de Mello, no Supremo. Destacam sua inteligência e saber jurídico, mas os incomoda seu estilo radical dos últimos tempos.

Não passa

Ainda que prospere no Senado, o que é muito difícil, a proposta de alterar a Constituição para abrir caminho à reeleição dos seus presidentes não passa na Câmara: é questão fechada no "centrão".

Coincidência?

Em Brasília, poucos acreditam em coincidência no fato de o ministro Celso de Mello negar prerrogativa do presidente Bolsonaro, obrigando-o a constrangedor interrogatório à PF, um dia depois de o ministro Luiz Fux defender respeito às prerrogativas constitucionais dos demais poderes.

Mudança

Na última semana, os políticos ou autoridades que mais mencionaram o coronavírus nas redes sociais foram Benedita da Silva (PT) e Guilherme Boulos (Psol). A posição era tipicamente de Osmar Terra (MDB-RS).

Frase

"Não são submetidas ao regramento dos atos administrativos", PGR Augusto Aras ao afirmar que Bolsonaro pode bloquear usuários em suas redes sociais.

 

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