O dia 10 de novembro será lembrado como aquele em que o presidente Jair Bolsonaro perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado ou de controlar os dedos nervosos produtores de textos, nas redes sociais, que fazem mal principalmente a ele mesmo. Na mensagem, "deplorável" até pelos mais próximos e fiéis auxiliares, Bolsonaro comemora o que imaginava ter sido o "fracasso" da vacina chinesa, uma das esperanças contra a covid-19. O presidente pareceu mesquinho e sobretudo cruel.
O pior é que o dia 10 acabou sem que Bolsonaro tenha se desculpado pelo erro grotesco de avaliação dos fatos que inspiraram seu comentário. No post, Bolsonaro pretendeu enumerar supostos males causados pela vacina ("morte, incapacidade" etc) e ainda se jactou de seu "acerto".
Se se informasse, o presidente criticaria o governo paulista por esconder o óbito, talvez por razões eleitorais. Preferiu a barbárie do vale-tudo.
"Foi um desabafo, né", presidente Jair Bolsonaro classifica a postagem onde comemorou a "vitória" da suspensão dos testes do Coronavac.
A ex-presidente Dilma Rousseff já obteve indenização de "perseguida política" em três comissões estaduais de anistia, mas achou pouco. Agora, ela tenta arrancar dinheiro do governo federal, mas, como as chances são reduzidas, seus advogados têm solicitado sucessivos adiamentos no julgamento do caso pela Comissão Nacional de Anistia. Pediu de novo, alegando que a pandemia pode prejudicar sua pretensão. A Comissão se reunirá pela última vez no fim do mês, este ano.
Além de uma indenização que pretende milionária, como pagamento retroativo, Dilma ataca também em outra frente, de um antigo emprego. Ela também pretende reajuste de sua aposentadoria como economista do Instituto Federal do Rio Grade do Sul (IFRS).
O pedido de reajuste no IFRS esconde outra manobra: se for concedido, ela pretende receber uma bolada, retroativamente. Ela ficou afastada das funções no IFRS, até ser reintegrada. Agora quer que o período de afastamento seja contado como "trabalhado".
Na coletiva em que lançou o projeto de privatização do Porto de Itajaí (SC), o ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura) disse que não tem dúvidas que essa desestatização "será um projeto bem-sucedido".
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, comemorou os R$ 21,5 milhões liberados "pelo governo federal" para ajudar seu Estado, o Amapá, a enfrentar o apagão. Não mencionou Jair Bolsonaro, claro.
Arthur do Val, o Mamãe Falei do Youtube, começou a campanha para prefeito de São Paulo com apenas 1% nas pesquisas, e agora já tem 5%. Empatou tecnicamente com o petista Jilmar Tatto.
Presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso disse que empresas devem apresentar um novo modelo de eleição digital, usando o celular. Segundo ele, a urna eletrônica é confiável, mas custa muito caro e "a cada dois anos temos que substituir 500 mil e isso custa R$ 700 milhões".
A imagem das pesquisas piorou com a impugnação do Datafolha sobre a eleição em São Paulo. Impressiona a fundamentação do juiz. Inclui até a falta de assinatura do estatístico responsável pela pesquisa.
No Ministério da Saúde, a certeza é que o governo de São Paulo temia prejuízos à campanha de Bruno Covas, caso cumprisse o dever, como Oxford, de suspender os testes antes mesmo de a Anvisa ser informada.
A confusão sobre vacina chinesa ocorreu porque São Paulo escondeu a morte do voluntário, revelada só depois da interrupção dos estudos clínicos. Esconderam o óbito até da Anvisa, que demorou a reagir.
Ministros com gabinete no Planalto atribuem a "assessores da área de comunicação" ou ao filho Carlos, o post de Bolsonaro comemorando o suposto "fracasso" da vacina chinesa. Esperou-se o dia todo, em vão, que o presidente os desautorizasse. E até demitisse alguns beócios.