Redução no valor do auxílio emergencial já influencia na queda do consumo das famílias em Pernambuco

Fecomércio - PE registrou queda na intenção de consumo das famílias entre setembro e outubro, depois de dois meses em alta. Redução de 50% no valor do auxílio emergencial contribuiu para a queda de 0,5 pontos
Edilson Vieira
Publicado em 03/11/2020 às 19:21
ALIMENTOS Carestia da carne vermelha deve permanecer até 2022, o que inibe consumo pelos brasileiros, que já atingem a pior marca dos últimos 25 anos em relação à demanda pelo produto. Foto: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM


Os pernambucanos não se sentiram seguros para manter o nível de consumo no mês de outubro, em relação ao mês anterior. O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), medido mensalmente pela Fecomércio - PE, que avalia a percepção dos consumidores sobre a sua capacidade de consumo, atual e de curto prazo, apresentou queda no mês passado, após duas altas consecutivas.

Para determinar o índice, é levado em conta pontos como o nível de renda doméstico e a segurança no emprego declarada pelos entrevistados. O ICF caiu de 59,6 pontos em setembro para 59,3 pontos em outubro. Em 2019 este índice para o mês de outubro era de 85,4 pontos.

AUXÍLIO

Para o economista da Fecomércio, Rafael Ramos, a redução do valor pago no auxílio emergencial colaborou para amenizar o consumo das famílias. O valor pago pelo governo teve queda de 50% em setembro, passando de R$ 600 para R$ 300 mensais. O economista lembra que o impacto do auxílio emergencial no comércio é considerável.

De abril a outubro deste ano, o auxílio injetou cerca de R$ 10 bilhões na economia do Estado, beneficiando 3,6 milhões de pessoas, o que influenciou na continuidade do consumo das famílias mesmo na pandemia. “O pagamento contribuiu para redução da pobreza e conseguiu amenizar a queda da renda vinda do mercado de trabalho. Com a alteração do valor, grande parte das famílias que recebem o pagamento até dezembro terão redução em seu poder de compras, puxando a intenção de consumo para baixo”, explicou Ramos.

Outros pontos que prejudicam o consumo, segundo o estudo da Fecomércio, são o endividamento das famílias, ainda em níveis altos quando comparado com os anos anteriores e o mercado de trabalho formal que ainda não apresentou aquecimento suficiente para voltar a gerar vagas a um nível considerado ideal, segundo o estudo da Fecomércio.

RECUPERAÇÃO

A avaliação menciona que o saldo de empregos formais em Pernambuco voltou a ficar positivo nos meses de julho e agosto com ajuda das vagas sazonais de trabalho geradas pelo setor sucroalcooleiro. Mesmo com a ação da indústria da cana-de-açúcar o saldo negativo no estado atinge aproximadamente 50 mil vagas, apontou o estudo.  Para Rafael Ramos, outro ponto a ser levado em consideração é a inflação dos alimentos que pôde ser sentida diretamente pela população no mês passado. “A subida de preços do arroz, carne, leite e óleo de soja, fizeram com que o orçamento das famílias ficasse ainda mais restrito”, resumiu Ramos.

Para este mês de novembro a expectativa é de retorno de alta da intenção de consumo, segundo a Fecomércio, por conta do apelo da Black Friday, que tem como data o dia 27, e ainda o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário, que deve ser feito até o dia 30, incentivando o consumo local e contribuindo para que o indicador volte a se recuperar.

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