Em vez de vestidos longos, ternos, fotografias e todo o cerimonial comum das colações de grau, 75 alunos da Universidade de Pernambuco (UPE) do curso de medicina do Recife vão concluir o curso, nesta quarta-feira (22), de maneira diferente. Devido à pandemia do novo coronavírus, a cerimônia será realizada virtualmente, com transmissão ao vivo pelo canal da UPE no Youtube. Eles estarão conectados por meio de computadores e celulares, às 10h. A turma deveria terminar a graduação apenas no meio deste ano, mas uma portaria do Ministério da Educação (MEC) autorizou, em todo o País, a formatura antecipada de médicos para reforçar as equipes de saúde, desde que os estudantes tenham completado pelo menos 75% do internato.
Na reitoria da instituição, em Santo Amaro, área central do Recife, haverá apenas um aluno presencialmente, representando os demais 74 colegas. Para conferir a ele o grau de médico estarão o reitor Pedro Falcão e a diretora da Faculdade de Ciências Médicas, Dione Tavares Maciel. O governador Paulo Câmara também vai acompanhar a celebração, mas de maneira remota.
"Neste momento de dificuldades e de falta de profissionais de saúde, a UPE cumpre com a sua missão de formar médicos para ajudar nesta pandemia", destaca o reitor Pedro Falcão.
"Vamos chamá-los (os alunos que vão se formar) para compor o enfrentamento à covid-19", garantiu na terça-feira (21), durante coletiva online, o secretário estadual de Saúde, André Longo. Pernambuco registra 2.908 pessoas infectadas pela covid-19, com 260 mortes.
Na última segunda-feira (20), em Garanhuns, no Agreste do Estado, outra turma de medicina da UPE, com 38 alunos, colocou grau antecipadamente. O mesmo ocorreu na sexta-feira passada (17), na unidade de Serra Talhada, no Sertão, com 15 estudantes.
Em Pernambuco há mais duas faculdades de medicina em instituições públicas, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A UFPE optou por não liberar os alunos enquanto não tiverem o curso totalmente integralizado.
A Univasf comunicou que vai antecipar a colação dos alunos de medicina, mas que "para concretizar a iniciativa, será formalizada a proposição ao Conselho Universitário (Conuni), órgão deliberativo máximo da instituição, após submissão ao colegiado acadêmico da graduação".
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Cremepe são contrários à portaria. "A possibilidade de antecipação da formatura desses alunos não traz benefícios evidentes para o atendimento. A antecipação em medicina traz prejuízos à formação do futuro médico, que pode perder acesso a importantes conteúdos e vivências na fase final de seu internato", diz o CFM.
Apesar de discordar da decisão do MEC, o presidente do Cremepe, Mário Fernando Lins, informa que o conselho está pronto para registrar profissionalmente os recém-formados. Uma força-tarefa foi montada no órgão para atender, por dia, entre 60 e 70 novos médicos. Nesta quarta-feira (22), 40 deles estão agendados para buscar a carteira.