Médicos pernambucanos defendem que não é hora ainda de voltar às aulas nas escolas

Escolas da educação básica de Pernambuco estão sem aulas presenciais, por causa da covid-19, desde 18 de março. Decreto que determina o fechamento das escolas expira no próximo dia 15
Margarida Azevedo
Publicado em 10/09/2020 às 16:29
PRESSA Protocolos da reabertura foram feitos na semana passada, pois os anteriores não valiam mais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO


Em meio à expectativa de liberação ou não das aulas presenciais em escolas da educação básica em Pernambuco, por parte do governo estadual, dois importantes médicos do Estado e quem têm acompanhado de perto a situação da covid-19, são contrários à retomada das atividades, neste momento, nas unidades de ensino. A epidemiologista Ana Brito, pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, e o infectologista Demetrius Montenegro, chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), acham que alunos e professores ainda não devem voltar às aulas presenciais. Eles participaram do programa Casa Saudável, na TV JC, com a jornalista Cinthya Leite, na tarde desta quinta-feira (10).

O fechamento dos estabelecimentos de ensino foi determinado, no Estado, a partir de 18 de março, ou seja, há quase seis meses. Decreto que proíbe as aulas presenciais nas redes públicas e privadas expira na próxima terça-feira (15 de setembro). A educação básica (educação infantil e ensinos fundamental e médio) em Pernambuco soma cerca de 2,3 milhões de alunos, segundo o Censo da Educação Básica 2019, do Ministério da Educação (MEC). Desse total, 400 mil, aproximadamente, estudam em escolas privadas e os demais na rede pública (estadual, municipal e federal).

"A volta às aulas é uma atividade obrigatória, que incorrerá em espaços de confinamento, com baixa ventilação e com um longo período de convivência, por mais que se faça um escalonamento de turmas. Em Pernambuco, um dos fatores que têm contribuído para a queda (de casos e mortes), mesmo que não tenha se dado de uma forma absoluta em todo o Estado, é a gente ter conseguido manter quase 30% da população em isolamento, com medidas de contingenciamento obrigatório, como é o caso do não retorno às aulas presenciais. Defendo que não é o momento de voltar para as escolas", afirmou a médica Ana Brito.

"Essa é a decisão mais difícil no processo de convivência com a covid-19. Pois não é só a questão de saúde envolvida, temos a questão econômica, social, emocional das crianças. Como o critério epidemiológico é que está norteando a reaberturas dos setores e estamos vivendo, ao menos até a semana passada, um aumento de SRAG em crianças, inclusive com necessidades de leitos de UTI, concordo também que esse ainda não é o momento do retorno às aulas presenciais. Mas reconheço que é um assunto polêmico com varias variáveis a serem analisadas", destacou Demetrius Montenegro.

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