Um mês depois de começar a receber gradualmente os alunos do ensino médio para as aulas presenciais, suspensas em março por causa da covid-19, escolas particulares de Pernambuco iniciam nesta terça-feira (10) uma nova etapa no ano letivo, com o retorno dos estudantes das séries finais do ensino fundamental. A partir deste dia, podem voltar para a sala de aula cerca de 100 mil crianças e adolescentes do 6º ao 9º ano. As regras do protocolo são as mesmas, como distanciamento mínimo, uso de máscaras e horários de entrada e saída diferentes das turmas, entre outras recomendações. Para os alunos matriculados nas escolas municipais e estaduais não há previsão ainda de quando poderão frequentar novamente as aulas presenciais.
Nesta primeira semana, a expectativa do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco (Sinepe) é que um terço dos estudantes volte para as escolas, iniciando o ensino híbrido (uma parte no colégio e outra remota, de casa). Das 2.400 escolas privadas no Estado, 500 oferecem os anos finais do ensino fundamental. "A partir da experiência do retorno do ensino médio, percebemos que com o passar dos dias as famílias vão aumentando a confiança. Por isso acreditamos que chegaremos à metade dos estudantes nas aulas presenciais e a outra metade permanecerá acompanhando as atividades de casa", afirma o presidente do Sinepe, José Ricardo Diniz.
Para ele, um dos desafios é justamente manter o formato híbrido. "No início da pandemia tivemos que aprender com a oferta do ensino remoto. Agora, o aprendizado recai para o híbrido pois o professor está diante de dois públicos", observa José Ricardo. Passado um mês da volta gradativa, o presidente do Sinepe diz que percebeu os ajustes necessários para que esse novo tempo na escola seja positivo e traga ganhos para os alunos. "Aprendemos o significado do estar aberto a aprender, a adaptar-se às novas situações trazidas pela realidade", destaca.
Outro desafio será fazer com que os alunos, em sua maioria com idades entre 11 e 14 anos, cumpram o protocolo. "Quanto menor a faixa etária dos alunos, mais atenção temos que ter. Por isso a parceria com as famílias se torna ainda mais indispensável. Seja para orientar os filhos no uso de máscaras, na lavagem das mãos, seja para observar as condições de saúde dos estudantes. Qualquer alteração que perceba na criança deve ser comunicada à escola", afirma José Ricardo.
"Vemos com grande preocupação a volta de mais estudantes para aulas presenciais em Pernambuco. A nossa posição continua em defesa das aulas remotas, em defesa da vida, dos trabalhadores em educação, das crianças, dos adolescentes, jovens e de suas famílias. Nesse momento de crescimento de casos, de uma segunda onda da covid-19 no Estado, o melhor é manter o ensino remoto", ressalta o tesoureiro geral do Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro-PE), Paulo César Lopes.
A reabertura das escolas, públicas e privadas, segue um protocolo específico elaborado pelo governo estadual, por meio das Secretarias de Saúde e de Educação de Pernambuco, dividido em quatro eixos: distanciamento social; proteção e prevenção; comunicação e monitoramento; e vigilância epidemiológica em âmbito escolar.
"O protocolo para retorno da educação tem mais de 70 regras. Percebemos, com a volta do ensino médio, que as escolas privadas conseguiram cumprir as determinações. A avaliação é positiva. Por isso a liberação para os anos finais do ensino fundamental, depois as séries iniciais e em seguida a educação infantil", comenta o secretário estadual de Educação, Fred Amancio.
"Apesar de o ensino remoto estar funcionando, a maioria dos estudantes está cansada e a aprendizagem no presencial é mais ampla. Mas a decisão de mandar os filhos para a aula presencial é da família", complementa o secretário. Os alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental poderão voltar a partir da terça-feira da próxima semana (dia 17) e da educação infantil em 24 de novembro.
"O número de casos de covid aumentou. Falta pouco para terminar o ano letivo. Não vejo necessidade de impor esse risco aos meus filhos. Eles vão permanecer no ensino remoto", afirma a advogada Luciana Nogueira, 42 anos, mãe de Artur, 14; Lucas, 11; e Clarice, 8, todos alunos do ensino fundamental do Colégio Equipe.
"O retorno das atividades esportivas, há um mês, me permitiu observar a preparação da escola e o comportamento das crianças para cumprir o protocolo. O colégio também passou muita segurança. Por isso meu filho vai voltar para as aulas presenciais, ele não vê a hora de rever os amigos e professores", afirma a bacharel em direito Ana Carolina Nóbrega, mãe de Guilherme, 12 anos, aluno do Colégio Santa Maria.
O Ministério Público de Pernambuco lançou uma campanha para que a comunidade escolar (alunos, professores, gestores, pais de alunos) adote as medidas sanitárias na prevenção à covid-19 e fiscalize seu cumprimento. Irregularidades podem ser denunciadas por meio da ouvidoria do MPPE (telefone 98116-1901, das 8h às 16h ou 127 das 12h às 18h).