Em compromisso no Recife, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, comentou ao JC sobre o fato do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2021 ser a edição com o menor número de inscritos em 13 anos, com 4.004.764 participantes, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (15). O chefe da pasta afirmou que análises sobre o que pode ter provocado uma queda de 44% em relação aos candidatos do ano passado só poderão ser feitas após a realização das provas, “porque adianta nada ter muitos inscritos e poucos presentes”.
Ribeiro se referiu à abstenção recorde de 2020, quando 55,3% dos inscritos faltaram à versão impressa, e 71,3% à digital, que aconteceram em janeiro e fevereiro deste ano após serem adiadas pela pandemia da covid-19. Além dos alunos doentes ou que estavam com medo de serem contaminados pelo novo coronavírus, houve também quem foi barrado no local de prova por causa de lotação nas salas. O Palácio do Planalto chegou a vetar projeto de lei que previa a isenção aos faltosos na prova do último ano.
O chefe da pasta afirmou à reportagem que a taxa é para dar “responsabilidade ao jovem com a prova”. “ A taxa não cobre as despesas do Enem, é para dar responsabilidade ao jovem com a prova. Tem provas que gastamos muito dinheiro porque alugamos salas, pagamos fiscais de prova, temos a logística, e chega na hora H, ninguém vai, porque não custa nada. Aqueles que tiveram e preencheram a condição de isenção, nós demos - não pôde ser para todos, infelizmente.
De acordo com o Inep, o número total de inscritos no exame, entretanto, só será confirmado após o pagamento das inscrições. A Guia de Recolhimento da União (GRU Cobrança), no valor de R$ 85, poderá ser paga pelos não isentos até a próxima segunda-feira (19) - o que deve diminuir ainda mais a quantidade de candidatos, visto que muitos não pagam o boleto no prazo.
Em maio deste ano, o governo federal divulgou uma redução no orçamento discricionário das instituições de ensino técnico e superior federais de aproximadamente 19% em comparação com 2020. O corte de cerca de R$ 1 bilhão logo causou reações na comunidade acadêmica, que afirmou que pagamento de despesas como energia, água, material para laboratórios, assistência estudantil e bolsas seriam prejudicados.
Questionado sobre isso, o ministro afirmou que a pasta teve um desbloqueio de R$ 900 milhões para toda a educação, e que a redução do montante está relacionada à diminuição da arrecadação durante a pandemia. " O governo federal está fazendo tudo que é possível, só que, em um ano como esse, tão difícil e diferente, [porque] a arrecadação diminuiu. Não é que nós não quisemos participar ou dar o recurso para a escola; a prioridade do presidente Jair Bolsonaro era de que se ajudasse as crianças e a escola pública", disse, sem se referir às universidades.
A entrevista foi concedida em meio ao evento de inauguração da nova Cinemateca Pernambucana, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), e aos lançamentos do site e livro ‘Cultura Viva do Nordeste’, do Prêmio Delmiro Gouveia de Economia Criativa - que destinou R$ 900 mil para 90 projetos e iniciativas de todo o Nordeste. No local, também foi assinado um acordo de cooperação técnica com o Instituto de Inovação e Economia Circular (IEC), do Centro de Recondicionamento de Computadores de Pernambuco (CRC-PE), para recolhimento dos eletrônicos descartados pela Fundaj.