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Enem e Educação

Por Mirella Araújo e equipe
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Bolsonaro garante Enem e diz que prova 'começa a ter a cara do governo'

O presidente disse que o ministro Milton Ribeiro, da Educação, garantiu que o ENEM será realizado sem impactos pelas demissões

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Estadão Conteúdo

Publicado em 15/11/2021 às 17:02 | Atualizado em 16/11/2021 às 15:25
Inep vive crise visto que servidores pediram exoneração - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (15) que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) "começa a ter a cara do governo". O presidente sempre teve como bandeira política uma espécie de patrulha ideológica sobre o exame, e nas últimas semanas ao menos 35 servidores ligados à prova pediram demissão acusando o governo de pressioná-los para mudar perguntas.

O presidente disse que o ministro Milton Ribeiro, da Educação, garantiu que o Enem será realizado sem impactos pelas demissões. A prova será aplicada entre os dias 21 e 28 de novembro, para cerca de 3,1 milhões de candidatos ao ingresso no Ensino Superior.

"O Milton é do ramo. Ele mandou uma mensagem há pouco e disse que a prova do Enem vai ocorrer na mais absoluta tranquilidade", disse Bolsonaro, durante entrevista na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. "Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do ENEM. Ninguém precisa agora estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, o tema da redação não tinha nada a ver com nada. Realmente é algo voltado ao aprendizado", disse Bolsonaro

A interferência na elaboração das perguntas aplicadas na prova é um dos elementos por trás da série de demissões no INEP (Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo exame. Em cartas, funcionários que pediram exoneração alegaram fragilidade técnica e administrativa da gestão, além da patrulha política para não desagradar o Palácio do Planalto na elaboração das questões.

"É um absurdo o que se gastava com poucas pessoas lá", acusou Bolsonaro, sem dar evidências, nem dizer a quem se referia.

Na semana passada, o presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro, já havia descartado a possibilidade de riscos quanto à realização do Enem.

DEBANDADA

Na segunda-feira (8) diversos servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) entregaram seus cargos. Eles pediram exoneração ou dispensa do cargo em comissão ou função comissionada para os quais foram designados como titulares ou substitutos. Os pedidos foram registrados no Sistema Eletrônico de Informações (SEI).

Ao todo, 33 servidores pediram para a saída de seus cargos. Eles trabalham em áreas diretamente ligadas ao Enem e alguns são coordenadores de área. Mesmo com a demissão, a prova está agendada para os dias 21 e 28 de novembro e não deverá ser remarcada, pois já estão prontas.

O impacto da exoneração pode vir a ocorrer após a realização do exame em processos como a correção e a divulgação das notas. Mas, não há certeza sobre o impacto e não se sabe como essas vagas serão preenchidas.

REAÇÃO

Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, afirma que Bolsonaro atua de olho na reeleição, quando alega que as questões "começam agora a ter a cara do governo". "Os itens (as questões) utilizados no Enem, bem como em outros exames e avaliações realizados pelo Inep, são exaustivamente formulados, pretextados e combinados em cadernos de provas para que o grau de dificuldade e competências avaliadas sejam equivalentes", pontua.

"A fala do presidente pode ser caracterizada como indício de que houve interferência do governo na prova, ferindo a credibilidade do resultado", afirma Priscila. Para a presidente do movimento Todos pela Educação, a situação reforça a necessidade de que o Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira seja um órgão independente do Ministério da Educação, a fim de evitar possíveis ingerências de qualquer corrente ideológica em seu trabalho.

"Quem avalia resultados educacionais não pode ser subordinado a quem implementa políticas educacionais." Segundo a especialista, o governo está usando o órgão "na guerra ideológica que promove para manter-se como assunto, inflamar as redes bolsonaristas e agir pela reeleição do presidente".

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