O estudante pernambucano Elias Almeida Silva Barbosa, 21 anos, foi um dos 20 jovens selecionados, entre 490 candidatos do mundo todo, para um estágio de dez semanas numa das instituições de ensino mais prestigiadas do planeta, a Universidade de Harvard, que fica em Massachusetts, nos Estados Unidos.
Aluno da graduação em biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele viaja no fim deste mês. Do Brasil, além de Elias, irá um estudante da Universidade Federal de Minas Gerais. Antes, somente um outro rapaz brasileiro havia conseguido esse estágio em 2017.
Elias vai estagiar nos laboratórios do Instituto de Células-Tronco de Harvard (Harvard Stem Cell Institute). O programa da Harvard University (HIP 2022) será de 8 de junho a 12 de agosto, no campus da universidade, em Cambridge. Passagens, estadia e alimentação serão custeadas pela universidade.
PESQUISAS
Na UFPE, o estudante, que está concluindo o 5º período, participa de duas pesquisas, uma que envolve o zika vírus e outra sobre a leishmaniose, realizadas em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika).
O estágio nos Estados Unidos é voltado justamente para universitários que desejam realizar pesquisa científica, uma realidade vivida por Elias desde o primeiro período da graduação, ou seja, quando começou biomedicina.
"Trabalho em pesquisas com doenças tropicais que são muito negligenciadas. HIV, covid-19, câncer, gripe são doenças que envolvem muito dinheiro em pesquisa. Dengue, zika, leishmaniose afetam milhões de pessoas infectadas no mundo e há poucos investimentos", comenta Elias.
"Meu objetivo com as pesquisas é estudar o sistema imune e verificar tratamentos que possam modificá-los para recuperar pacientes crônicos, especialmente aqueles de doenças tropicais negligenciadas e que vivem com as sequelas dessas doenças", explica Elias. A ideia, diz, é buscar tratamentos eficazes, baratos e eficientes que melhorem a qualidade de vida dos pacientes.
A seleção contou com a avaliação de um texto pessoal sobre como a participação no programa poderia acrescentar na carreira do candidato e no próprio programa, além de duas cartas de recomendação. Também houve análise de currículo e do histórico escolar.
As cartas de Elias foram assinadas pelo diretor científico do Lika da UFPE, José Luiz de Lima Filho, e pelo orientador de iniciação científica do aluno, Luiz Carlos Alves. São com esses dois professores que ele realiza as pesquisas na UFPE.
EXPERIÊNCIA
Filho de um casal de professores e oriundo de família humilde, Elia está animado com a experiência internacional. "Primeiro fui comunicado que não tinha sido aprovado, mas que meu projeto era muito bom e que por isso eu estava na segunda posição de uma lista de espera. Depois informaram que eu havia conquistado uma das 20 vagas. Foi uma surpresa, estou bem feliz", afirma o jovem. Ele cursou o ensino médio no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e mora em Areias, Zona Oeste do Recife
"Tenho certeza de que será uma experiência única e pretendo aproveitar ao máximo. Minha participação, como aluno da UFPE, de Pernambuco e do Nordeste, reforça que fazemos pesquisas tão relevantes quanto as do eixo Rio-São Paulo", destaca Elias.
"Minha família é de origem muito simples. Conseguir uma das vagas desse estágio deixou meus familiares muito orgulhosos. Com a educação podemos mudar o destino. Sou o único neto que está numa universidade pública. Quando concluir a graduação quero seguir com mestrado e doutorado, sempre fazendo pesquisas", revela Elias, que não vê a hora de arrumar as malas.