Reitores de três universidades e dois institutos federais existentes em Pernambuco convocam a sociedade a pressionar o governo federal a suspender o corte de verbas nos seus orçamentos. Também apelam para que a bancada pernambucana no Congresso Nacional se junte à mobilização. Em todo o País, as instituições receberão 7,2% a menos de repasse de recursos da União.
No Estado, o corte é de aproximadamente R$ 28 milhões e afeta UFPE, UFRPE, UFAPE, Univasf, IFPE e IF do Sertão Pernambucano, onde estudam mais de cem mil alunos em cursos técnicos, de graduação e pós-graduação.
Os reitores Alfredo Gomes (UFPE), Marcelo Carneiro Leão (UFRPE), Airon Melo (UFAPE), José Carlos de Sá (IFPE) e Leopoldina Veras (IF Sertão Pernambucano) participaram na tarde desta terça-feira (07) de uma coletiva online para explicar os impactos dos cortes e chamar a sociedade para mobilização contra a medida. Eles temem não ter dinheiro para pagar todas as contas até o final do ano.
ATOS EM PERNAMBUCO
Nesta quarta-feira (08), alunos, docentes e servidores da UFPE estarão na Concha Acústica, no câmpus Recife, para participar de uma reunião pública para tratar da conjuntura político-orçamentária das universidades e institutos. Será às 15h30.
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Na quinta-feira (09), também no Recife, está previsto um ato, às 15h30, na Faculdade de Direito da UFPE, que fica na Boa Vista, área central, organizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Devem ocorrer outras manifestações no restante do País, convocadas pelos movimentos estudantis.
Cada instituição vai ainda mobilizar suas comunidades acadêmicas. Os reitores também estão em contato com a bancada de deputados federais de Pernambuco para tratar do assunto.
VALORES DOS CORTES EM PERNAMBUCO
O corte do MEC era de 14,5%, anunciado aos reitores no dia 27 de maio. Na semana passada, o órgão recuou e informou que passaria para 7,2%.
O MEC foi a segunda pasta mais afetada pelo bloqueio, que envolveu 13 ministérios, além da Presidência da República e do Banco Central. Para educação, o corte foi de R$ 1,598 bilhão, seguido pela Saúde (R$ 1,253 bilhão).
Na UFPE, a maior das seis instituições federais do Estado, a redução é de R$ 12,1 milhão no orçamento. Na Rural a diminuição será de R$ 4,4 milhões.
Para a Univasf, o bloqueio é de quase R$ 2,8 milhões. A UFAPE vai perder R$ 1.078.000.No IFPE, o repasse do MEC terá menos R$ 5,39 milhões. Para o IF Sertão o corte é de R$ 2,1 milhões.
Com menos recursos será necessário diminuir gastos com manutenção, pesquisas, projetos de extensão e assistência estudantil, entre outras áreas.
A preocupação é maior porque a maioria das instituições voltará ao ensino totalmente presencial (antes em parte remoto por causa da pandemia de covid-19), o que acarretará em mais despesas com energia e água, por exemplo.
MOBILIZAÇÃO NACIONAL
As entidades que representam as universidades e institutos federais - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), respectivamente - estão igualmente se articulando no Congresso Nacional.
"Qualquer país do mundo que quer se desenvolver e reduzir desigualdades sociais tem que investir fortemente em educação e ciência. As universidades e institutos vêm sofrendo cortes recorrentes de verbas. Faço um apelo para a sociedade que nos dê as mãos para pressionarmos o governo a rever esse bloqueio", destacou o reitor da Rural, Marcelo Carneiro Leão.
"Sem educação e ciência o Brasil está fadado a ser satélite do mundo e não protagonista. E nosso País tem competência para protagonismo", complementou.