Não basta fazer isso em meio um ambiente de incertezas alimentado por políticos, como é o notório caso do Presidente da República, por não ter conduzido a situação com o mínimo de unidade exigido, e de governadores e prefeitos, que hesitaram em tomar medidas drásticas em tempo diminuir a quantidade de casos.
Não basta saber que a pandemia ainda está aí e que a população - por necessidade na grande maioria dos casos - já está quase que normalmente nas ruas.
Não basta notar que o governo conduz uma reabertura confusa das atividades e que o sentimento entre a população é de incerteza quanto ao que será o futuro.
Não basta olhar para a ocupação do sistema de saúde e vê-la bater na linha do colapso.
Se tudo isso não fosse suficiente para torrar a civilidade e o ânimo de qualquer pessoa, há evidências cada vez mais robustas da existência de um suposto esquema criminoso que estaria fazendo farra com dinheiro público que deveria ser usado para o combate à doença.
A operação que a Polícia Civil, em parceria com a Polícia Federal desencadeou hoje em Pernambuco (há mandados também sendo cumpridos em Goiás e no Distrito Federal) é mais um capítulo da novela da suposta malversação de verbas públicas durante a pandemia. O caso da compra de respiradores sem certificação pela prefeitura do Recife ainda está longe de ter um desfecho. E com mais essa ação, só um pensamento vem à mente: quanto ainda se pode puxar desse novelo?
De cara uma coisa é certa. O enfrentamento à pandemia por aqui, que deveria ser notícia apenas no campo sanitário, já tem a triste marca de um caso de polícia.