Fiscalização de praias do Grande Recife será um desafio

Prefeituras foram pegas de surpresa com decisão do governo para liberar praias e parques
Felipe Vieira
Publicado em 20/06/2020 às 9:56
Equipes da secretaria de Esportes do Recife estão nos locais de reabertura para orientar a população Foto: WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM


Por Felipe Vieira, da coluna Grande Recife

A reabertura de praias e parques nos municípios do Grande Recife é um dos mais intrigantes desafios do tal “novo normal” pós-pandemia. São dois espaços democráticos por natureza e onde a amplitude torna difícil qualquer tipo de controle. A ordem é evitar aglomerações, mas, e se um contingente grande de pessoas resolver, ao mesmo tempo, ir andar no calçadão da Praia de Boa Viagem ou no Parque da Jaqueira? Que argumento as forças de segurança usariam para dispersá-las, uma vez que a prática é legal?

O caso de Porto de Galinhas, no Litoral Sul, também é pitoresco. A decisão da prefeitura de Ipojuca foi de permitir a ocupação da faixa de areia e o banho de mar das 4h às 12h. E quem estiver na praia às 12h30? Haverá um “arrastão” de guardas municipais para convidar os banhistas a sair? O que fazer com um eventual recalcitrante?

A fiscalização das praias durante a pandemia foi capenga por vários momentos. Não foram poucos os registros de pessoas andando pelos calçadões das orlas de Olinda, Boa Viagem e Paulista, mesmo durante o período do lockdown, entre 16 e 31 de maio. Ou mesmo tomando banho de mar. A tarefa das forças de segurança e de controle urbano ficará mais complicada com mais gente nas ruas. Muitas pessoas certamente acharão que “liberou geral” e irão para o mar onde ele é proibido (Recife e Olinda, por exemplo).

A questão poderia ter sido previamente discutida para que todos, Estado e municípios, se adequassem. A decisão do governo do Estado em delegar aos municípios a decisão sobre a reabertura das praias e parques parece não ter sido previamente pactuada com os gestores municipais. Quando o anúncio foi feito, na manhã da sexta-feira, muitas prefeituras se mostraram surpresas e sequer tinham uma resposta quando perguntadas sobre um eventual plano de reabertura para parques e praias. Algumas fizeram reuniões às pressas para traçar uma estratégia.

Ninguém disse que seria fácil enfrentar um flagelo de proporção mundial onde tudo é novo e exige decisões rápidas, dolorosas e impopulares. Mas, justamente por isso, planejamento e integração não podem faltar em qualquer decisão que se tome nas esferas públicas – principalmente na área metropolitana, onde tudo se mistura e se confunde. Agora é torcer para que as pessoas usem os espaços com parcimônia e que não queiram tirar agora todo o atraso acumulado durante a quarentena.

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