A responsabilidade nas costas do prefeitos reeleitos no Grande Recife

Não basta honrar o voto de aprovação dado à primeira gestão: é preciso avançar no que não foi feito e cumprir novas promessas
Felipe Vieira
Publicado em 22/11/2020 às 8:00
Dos 4,5 quilômetros da Presidente Kennedy, 1,8 quilômetro está requalificado. Os 2,7 restantes devem ficar prontos em dezembro de 2021 Foto: DIVULGAÇÃO/PREFEITURA DE OLINDA


 Doze dos 14 municípios do Grande Recife já têm prefeitos reeleitos ou eleitos - faltam o Recife e Paulista, que terão segundo turno no próximo domingo para decidir os novos gestores. Três das mais importantes cidades da área metropolitana tiveram prefeitos reeleitos - Lupércio Nascimento (SD) em Olinda, Anderson Ferreira (PL) em Jaboatão dos Guararapes e Célia Sales (PTB) em Ipojuca. O que nem de longe significa vida fácil para eles nos próximos quatro anos.

O principal motivo é evidente: a pandemia do novo coronavírus raspou cofres que já não iam muito bem das pernas. Para governar minimamente em um cenário tão adverso do ponto de vista fiscal, os gestores vão precisar de criatividade e daquela palavra mágica que foi tão dita durante as próprias campanhas deles (e até abordada recentemente neste espaço): parcerias.

Reeleições têm dois lados. O primeiro, e mais óbvio, é a sinalização de que a maior parte da população que foi às urnas aprovou os quatro anos da primeira gestão. Mas isso traz uma evidente responsabilidade, que é corresponder a essa expectativa na forma de serviços públicos. Alguns prefeitos costumam tirar um pouco o pé do acelerador durante o segundo mandato. O desafio dos reeleitos, portanto, é ainda maior: é arrumar a casa, fazer mais com menos e ainda cumprir as promessas feitas durante o período de campanha. Caso contrário o voto de confiança que ganharam este ano pode se transformar em um cartão vermelho no futuro.

 

OLINDA

Lupércio Nascimento tem como maior desafio concluir as obras da Avenida Presidente Kennedy (foto), que foi o carro-chefe midiático de sua campanha. Além disso, brigar para que o governo do Estado destrave as obras da Via Metropolitana Norte. Drenagem na área de Jardim Brasil (I e II), Vila Popular e Peixinhos ainda é um problema sério em época de chuva - trata-se da área onde mais se veem alagamentos durante o inverno. Sem contar que os dois principais cartões-postais da cidade - o Sítio Histórico e a Avenida Marcos Freire - há muito não vivem seus melhores dias e precisam, urgentemente, de reformas.


JABOATÃO

Durante a campanha o prefeito prometeu o maior parque metropolitano do Recife (foto), que seria instalado no bairro de Prazeres, às margens da Estrada da Batalha. Está na lista de promessas a serem cobradas pelos eleitores. Jaboatão também tem muitos trechos com problemas no asfaltamento - alvos de constantes reclamações neste espaço e na Voz do Leitor. Tirar, finalmente, do papel a maternidade Rita Barradas deveria ser uma questão de honra nos próximos quatro anos da gestão. Um bom termo com o governo do Estado com relação aos problemas da Estrada da Muribeca também faria bem a muita gente. Só a briga entre as duas gestões sobre o caso não é mais antiga que a buraqueira.

IPOJUCA

Um dos desafios mais óbvios é a gestão do balneário de Porto de Galinhas, de onde vem a maior parte da receita do município, ainda em época de pandemia. Organizar o caótico comércio na faixa de areia, estacionamentos e o acesso às praias. Mas também tem a criminalidade - Ipojuca vinha numa tendência de alta nos homicídios, que caiu durante o período mais severo da pandemia (entre abril e junho) e voltou a subir - tendo caído de novo em outubro.A chacina de Rurópolis, em agosto, mostrou que há uma guerra de facções instalada no município. Cabe ao poder municipal articular ações de prevenção e, claro, atuar junto ao Estado pela segurança mais ostensiva.

 

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