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Por Jamildo Melo e equipe
A ver navios

Estaleiro Atlântico Sul desanca fundo americano que representa empresários secretos

Direção do Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, critica interessados no processo de compra de áreas, no leilão adiado pela Justiça. Fundos americanos e Tecon Suape são alvo

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Jamildo Melo

Publicado em 10/07/2022 às 13:46 | Atualizado em 10/07/2022 às 13:54
EAS se faz de parte de seus terrenos adquiridos no govenro Eduardo Campos - RICARDO B LABASTIER/ACERVO JC IMAGEM

Além de se posicionar publicamente sobre a polêmica do leilão de áreas internas e a suspensão do leilão pela Justiça do Estado, na quinta-feira, o comando da empresa desancou o fundo americano que representa um consórcio de empresários ocultos.



As declarações foram dada neste domingo, depois que o blog de Jamildo revelar, na sexta e sábado, que a gestão Paulo Câmara cobrou, internamente, que o grupo combatesse desinformações sobre a negociação. As falas foram dadas pelo estaleiro ao site Movimento Econômico, da jornalista Patrícia Raposo, neste domingo.

O blog de Jamildo revelou o interesse do consórcio internacional oculto (representado pelo North Tabor Capital) e a apresentação da proposta formal de compra, na Justiça de Ipojuca.

Antes, o blog de Jamildo já havia revelado com exclusividade o interesse da dinamarquesa Maersk, no leilão.

Na quarta, o Blog de Jamildo revelou a suspensão do leilão, mais uma vez com exclusividade.

A guerra pelo 'gigante adormecido Suape'

A única empresa habilitada, a APM Terminals, controlada pela Maersk, falou de seus planos para Suape em um artigo exclusivo para o blog, intitulado 'Suape é um gigante adormecido', na véspera do leilão adiado do Estaleiro Atlântico Sul.

O leilão foi suspenso a pedido do Tecon Suape, controlado pelos filipinos, em uma tentativa de barrar a compra de áreas pela empresa APM Terminals, subsidiária controlada pela Maersk, uma das maiores empresas de navegação do mundo.

Hoje o Tecon Suape opera um terminal público em Suape. Se comprar a área, a Maersk planeja instalar um terminal privativo, concorrendo com os filipinos.

Críticas aos fundos americanos que apresentaram proposta pelo estaleiro

"Temos um processo formal. O leilão público segue regras legais e previstas no edital, aprovado pelo juízo e pelo administrador judicial, com a anuência dos credores. Ele determina quais são os requisitos para a habilitação dos concorrentes, das fontes de financiamentos e das garantias que serão prestadas. A proposta feita por esse fundo não atende a nenhum destes requisitos".

"Eles (North Tabor Capital) enviaram uma carta extemporânea, fora do prazo de habilitação e sem cumprir os requisitos de elegibilidade e, por consequência, de credibilidade".

Tecon agora tem status de entreposto aduaneiro, facilitando grandes operações - Foto: Fernando da Hora/ Acervo JC Imagem

Estaleiro critica Tecon Suape

O atual comando do estaleiro, além dos americanos, reclama queo Tecon Suape não visitou o estaleiro, nem buscou informações sobre a empresa.

"O Tecon não visitou o estaleiro nem pediu qualquer esclarecimento sobre o processo. A postura do Tecon foi totalmente conflitante com a de um competidor interessado em fazer uma proposta", afirma a direção da empresa.

O estaleiro também rebate o questionamento feito pelo Tecon Suape contra a figura jurídica do Stalking Horse conferida à APM Terminals, controlada pela Maersk.

"O Stalking Horse é algo muito comum no processo de recuperação judicial em todo mundo e constava no edital e foi aprovado duas vezes pelos credores. O Tecon já sabia disso há 2 meses e ainda assim resolveu questionar apenas às vésperas do certame. Stalking Horse é a condição concedida ao proponente da oferta inicial, uma forma de compensá-lo pela apresentação da proposta vinculante que é aberta e serve de referência aos demais proponentes. Nós e nossos credores concordamos em conceder tal direito a APM após um leilão em que não houve interessados, em outubro de 2021", diz a o comando do estaleiro.
Surpresa com adiamento do leitão

"Esse leilão está sendo conduzido de forma íntegra e transparente, com a participação de empresas que cumpriram com requisitos e fizeram visitas ao estaleiro. Nenhum dos que fizeram visitas ao estaleiro, que buscaram informações sobre o ativo, questionaram o certame. Todos os participantes declararam que estavam de acordo com as regras do edital".

"Ficamos muito surpresos que um único participante, que já havia declarado estar de acordo com as regras do edital, questionasse o próprio edital, às vésperas do leilão".

TJPE, em decisão do desembargador Bartolomeu Bueno, mandou parar o processo de venda - ASSIS LIMA / ASCOM TJPE

Judicialização do processo

O estaleiro promete também judicializar o processo, embora tenha sido o magistrado do TJPE que tenha dado 15 dias para apresentarem defesa no processo.

"Vamos tomar as medidas cabíveis na Justiça. Sabemos de nossa responsabilidade. O EAS é um grande projeto gerador de emprego. Voltamos a operar e entramos em novos negócios, com perspectivas de crescimento. Hoje temos um ativo valioso que tem condição de gerar riqueza além da indústria naval e queremos otimizar o uso de nossa área de forma positiva, não só pagando aos credores, mas atendendo às necessidades da região. Estou confiante de que seguiremos em frente com a venda e que a área servirá ao seu objetivo, favorecendo não só o EAS e seus credores, mas também ao Estado".

"O processo foi sério, transparente e as regras foram aprovadas por todos os atores. O cenário todo é favorável para que isso seja revertido e a venda seja concluída, porque isso é algo que favorece não só o estaleiro, mas toda comunidade, os credores, e está totalmente aderente ao plano de reestruturação do estaleiro que pressupunha o revocacionamento de determinadas áreas para a implantação de projetos portuários".

"Isso é algo que vai ao encontro do interesse público, melhorando a infraestrutura da região e resolvendo gaps logísticos, trazendo desenvolvimento social com geração de empregos. Quando dedicamos essa área à projetos portuários, estávamos conscientes do benefício que isso geraria à região, atraindo novos negócios para Suape".

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