Economista de sucesso no mercado de fundos de investimentos, Paulo Guedes se aproximou de Bolsonaro com a proposta de virar a chave do governo brasileiro para um modelo liberal, que incluía profissionais de mercado na equipe, privatização de estatais ineficientes e um agressivo modelo de revisão da estrutura estatal, encolhendo o número de ministérios.
Bolsonaro não entendeu bem o que ele disse, mas gostou da conversa e cunhou-lhe a expressão "Posto Ipiranga". Era ruim, mas Guedes achou que deveria servir ao Brasil. Virou o superministro da Economia.
O tempo se encarregou de mostrar que Bolsonaro não era o liberal que ele achava que era. Anos na Câmara defendendo salário de policial e nenhuma ligação, até mesmo com o Centrão, fizeram do capitão uma espécie eremita congressual, mas firme defensor da estrutura do Estado, longe do pensamento liberal.
Em 26 meses de governo, Guedes perdeu boa parte dos quadros que levara para o governo federal, passou por situações constrangedoras. Precisou explicar o inexplicável e se acostumou. Atribuiu-se uma importância histórica de salvar a economia brasileira e entregar crescimento em 2022.
Ontem, ele disse que nenhuma ofensa lhe tira do cargo enquanto o presidente confiar nele. "O medo, o combate, o vento, a chuva, isso não me tira daqui de jeito nenhum". Ele não vai sair mesmo.
Os dois têm pensamentos messiânicos e se julgam parte importante da história. Talvez o grande enganado tenha sido o eleitor, o mercado, o empresariado e alguns economistas. Pessoas de boa fé também erram.
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