Informado de todos os detalhes da operação da Polícia Militar que resultou na repressão à passeata contra Jair Bolsonaro, na manhã do último sábado (29), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara discute com assessores e a vice-governadora, Luciana Santos, como encaminhar uma solução política que não passe a imagem de que a PMPE agiu por conta própria, num alinhamento com o Governo Bolsonaro. E nem que, como governador, não esteve informado dos fatos, o que revelaria um total desinteresse por um problema grave em uma ação equivocada da Polícia Militar.
Depois de quatro dias do fato, é difícil imaginar que Paulo Câmara, como governador e Chefe de Executivo, não tenha agora todo o detalhamento da operação, quais os personagens envolvidos e - muito menos - qual foi a cadeia de comando da operação. Mas a questão permanece a mesma: Como se posicionar em definitivo?
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Hoje pela manhã, ele enviou o secretário de Defesa Social, Antonio de Pádua, para explicar o evento aos deputados. Isso quer dizer que as informações saíram do domínio do Executivo para serem compartilhadas com o Legislativo.
Mas a questão central persiste: Quem foram os responsáveis pelas ordens e qual deve ser a punição? Até porque desta vez houve dano pessoal a duas pessoas, além de danos políticos que ainda não estão dimensionados.
De certa forma, Paulo Câmara está numa situação semelhante a de Jair Bolsonaro em relação à uma punição a Eduardo Pazzuello.
Afinal, se é verdade que ele, Paulo Câmara, não sabia quem estava no comando da operação, o secretário Antonio de Pádua é o primeiro na linha de comando. Mas o secretário de SDS vai pagar a conta junto com os militares envolvidos?
Não será tão simples despachar Pádua como Eduardo Campos despachou o, também policial federal, Wilson Damásio, após um comentário misógino contra a jornalista Fabiana Moraes. Dessa vez, teve feridos com danos físicos graves. O governador sabe que tem nas mãos o mais grave problema de seus dois governos.
Numa situação normal, o governador demitiria o secretário da SDS depois que ele determinasse as punições à soldadesca. Mas a julgar pela gravidade do incidente e a dimensão nacional que tomou, ele tem uma margem muito estreita para atuar sem se desgastar ainda mais.
No fundo, o governador - que já se pronunciou informando que não estava informado - precisa tomar decisões que não podem se resumir em punições administrativas burocráticas.
O problema é que esse espaço está entre o secretário de Defesa Social - que vem tendo um trabalho elogiado - e os vários coronéis da Polícia Militar que estavam no centro de operações. Na prática, vai do Comandante Geral da PMPE aos titulares do Bope, Rádio Patrulha, Comando da Capital entre outros.
É gente demais sabendo de uma operação desastrada que o Governador terá que punir. O que pode explicar o seu injustificável silêncio.
Mas ele sabe que, em algum momento, terá que se pronunciar como Chefe do Executivo e responsável final pela operação da Polícia Militar e Polícia Civil reunidos na SDS.
O problema é que o governador está demorando demais.