Joezil Barros era a imagem dos Diários Associados no Nordeste, com o jeito de Pernambuco no mercado publicitário

Ele foi um dos fundadores do Sindicato dos Jornalistas, onde foi presidente e virou diretor comercial do DP e posteriormente condômino dos Associados
Fernando Castilho
Publicado em 21/12/2021 às 11:10
Joezil dos Anjos Barros morreu aos 84 anos, em 21 de dezembro de 2021 Foto: TJPE / DIVULGAÇÃO


Joezil dos Anjos Barros, que nos deixou na manhã desta terça-feira (21), era certamente o personagem que mais se identificava com a imagem dos Diários e Emissores Associados como força de mídia no Nordeste, na época em que, junto com Antônio Camelo e Gladstone Vieira Belo, comandou o Diário de Pernambuco, num momento de altíssima rentabilidade da companhia.

O jornalista provisionado (nome dado a quem não tinha formação universitária de Jornalismo), que começou a vida como contato comercial e virou condômino, deixa um legado de realizações e parcerias na área comercial quando o jornal impresso reinava absoluto como veículo de comunicação no mundo, performando como empresa que transferia muito dinheiro aos demais jornais do Nordeste.

Embora tenha tido participação sindical (foi um dos fundadores do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco), cujo grupo controlou até a redemocratização na década de 80, JB, como era conhecido, era, essencialmente, um homem da área comercial.

Como diretor do DP, ele manteve a liderança do veículo no Nordeste e uma discreta resistência à pressão do comando em Brasília à transferência de recursos. A liderança de vendas do DP pelas mãos do jornal permitiu uma organização da empresa. Ainda, a mudança para uma nova sede em novo parque gráfico quando os Diários Associados receberam uma indenização de R$ 200 milhões por força da perda das concessões das seis TVs que o grupo controlava, uma delas em Pernambuco.

Curiosamente, Joezil Barros sempre foi um articulador de negócios e venda de grandes pacotes de mídia, quando anunciar em jornal fazia a diferença comercial. Na verdade, pode-se dizer que ele literalmente transitava em todas as áreas e em todos os segmento sem sofrer resistências, inclusive, na esquerda. 

E participou ativamente das disputas do mercado quando o Grupo JCPM adquiriu o Jornal do Commercio, reequilibrando a distribuição de verbas que o DP obteve por anos seguidos sempre com uma postura respeitosa.

JB também foi articulador nos momentos de crise, quando junto com Gladstone transferiu o controle da gestão ao empresário Eduardo Monteiro, que anos mais tarde fundou o grupo EQM de comunicação com o Jornal Folha de Pernambuco e a Rádio Folha.

Joezil Barros também era conhecido por sua generosidade em ajudar colegas, usando seu prestígio para recolocações e colocações noutras empresas e, como se dizia na década, de arranjar serviços para colegas quando o mercado de Assessoria de Imprensa não tinha se estruturado e apenas as estatais e grandes bancos tinham assessorias. Nessa época, JB era quase uma agência de trabalho temporário, o que lhe rendeu grande apreço na classe.

Mas é importante observar que JB sempre foi um homem de bastidor, de articulações comerciais e discreto envolvimento político sem nunca estar vinculado politicamente a nenhum grupo em especial.

O jornalista que virou advogado e, depois, na condição de presidente do Sindicato dos Jornalistas, virou vogal até ser eleito desembargador no TRT-5, onde se aposentou. Também transitou pela área de assessoria de comunicação, onde terminou seus dias na condição de Assessoria Especial da presidente do TJPE.

Entretanto, uma coisa era marca de JB: o interesse por uma boa comida. Pode-se dizer que, literalmente, frequentou todos dos bons restaurantes de todas as cozinhas internacionais, sempre acompanhado de pessoas que disputavam a conversa à mesa com ele para ouvir as boas histórias de bastidores, tanto do mundo político, como empresarial.

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