Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Escolha de comunicador para Petrobras mostra que, para Governo, alta dos combustíveis é questão de imagem

Tem gente com formação universitária e pós-graduação fora do Brasil que tem certeza de que, se a estatal se comunicasse melhor com os fregueses, a imagem do Governo não seria tão prejudicada

Cadastrado por

Fernando Castilho

Publicado em 24/05/2022 às 11:00 | Atualizado em 24/05/2022 às 12:48
Caio Mario Paes de Andrade substitui José Mauro Ferreira Coelho - DIVULGAÇÃO

Pode parecer inusitado, mas para boa parte do Governo, especialmente o presidente Jair Bolsonaro, o principal problema na questão do aumento dos combustíveis está na incapacidade da Petrobras de se comunicar com o público.

É um tanto beócia a ideia. Mas tem gente com formação universitária e pós-graduação fora do Brasil que tem certeza de que, se a estatal se comunicasse melhor com os fregueses, a imagem do Governo não seria tão prejudicada. E o presidente não seria relacionado ao aumento dos preços na bomba.

Parece um pouco com aquela fábula de surrar o carteiro porque ele trouxe a notícia de que alguém não deixou uma herança esperada há anos por um parente distante.

LEIA MAIS

Novo reajuste do diesel pela Petrobras ainda não cobre defasagem dos preços no mercado internacional

"Pazuello" das Minas e Energia, Sachsida obedece a Bolsonaro ao prometer privatização da Petrobras

Se a Câmara tivesse as regras da Petrobras, Arthur Lira não teria nome aprovado para concorrer à presidência

 

Por esse raciocínio obtuso, o fato de o preço do barril do petróleo ter saído de US$ 40 para US$ 120 em um ano e, há três meses, o mundo estar vivenciado uma guerra nos moldes clássicos entre Rússia e Ucrânia seria menos importante que a assessoria de comunicação da Petrobras em explicar porque os combustíveis serão majorados.

Ou seja: se a empresa conseguir demonstrar que o Governo não é o culpado pelos preços altos e que o presidente Jair Bolsonaro, mesmo sendo o representante do acionista majoritário (a União), não pode congelar os valores, a questão estaria resolvida. E o consumidor entenderia que o Governo não tem responsabilidade pelo estrago no bolso do consumidor.

Esse seria o motivo para a escolha do comunicador Caio Mario Paes de Andrade, indicado para assumir a presidência da Petrobras. O Governo, pelo que está sendo percebido, gostaria de ter o comunicador no comando da empresa desde a escolha do engenheiro José Mauro Ferreira Coelho. E como não o fez - devido ao prestígio do ministro Bento Albuquerque junto a Bolsonaro - o fará agora com Adolfo Sachsida no ministério das Minas e Energia.

O problema de Caio Andrade talvez seja o de ter feito sua graduação na Universidade Paulista, que a gente conhece como Unip e, portanto, uma escola de comunicação fora do circuito USP, Unesp, Unicamp, etc.

O noticiário desta terça-feira, dos jornais do Rio e São Paulo o tratam assim: “comunicador”. Embora, a seguir, informem que seja pós-graduado em Administração e Gestão pela Universidade Harvard e mestre em Administração de Empresas pela Duke University.

PLATAFORMAS DO PRE-SAL DA PETROBRAS - PETROBRAS

Também informam que ele integra os conselhos de administração da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da PPSA (Pré-Sal Petróleo), igualmente indicado pelo governo.

Mas, para o governo, talvez a maior atuação de Caio Mario Paes de Andrade seja essa: ele foi o responsável pela plataforma do governo - gov.br. Ou seja, um especialista em comunicação que fez o Brasil ter, como tem hoje, 1.000 serviços públicos prestados pela plataforma gov.br.

O mercado não vê ele assim. O mercado de Minas e Energia é conservador e vaidoso com seus currículos. Aquelas exigências de compliance na Petrobras são típicas do setor elétrico. O cara tem que ser engenheiro, pós-graduado em engenharia, e a seguir, em administração e gestão pública. Imagina Caio Mario Paes de Andrade com aquele currículo minguado no comando da estatal?

Será visto como um indicado de Paulo Guedes que, como se sabe, não é visto pelo setor e pelo mercado como a última Coca-Cola do deserto do Saara. Vai sofrer um enorme preconceito, embora possa cumprir a missão que lhe está sendo dada: fazer a Petrobras comunicar melhor o aumento de preços.

E daí? Vai ver que ele consegue?

Tags

Autor

Webstories

últimas

VER MAIS