Uma casa doada em 2005 ao Governo de Pernambuco e que deveria sediar o Grupamento de Bombeiros Marítimos - GBMar, encarregado de proteção a banhistas de orla continua abandonada sem que tenha sido iniciada a obra de adequação do imóvel para a unidade militar.
A casa foi doada pelos irmãos Antônio Ermírio, Ermírio Pereira, José Ermírio Neto e Maria Helena Scripilliti, para uso como instituição de apoio à cultura, mas o governo Paulo Câmara decidiu que ela seria preservada como parte do GBMar sendo adequada para uso dos bombeiros.
A casa onde morou o empresário José Ermírio de Moraes, localizada na beira mar de Piedade, fica perto da Igrejinha de Piedade e tinha a promessa feita em janeiro de 2021 para virar um quartel. Ela fica na área onde aconteceram os últimos ataques de tubarão e permanece fechada sem perspectivas de ser reutilizada.
O imóvel é uma construção térrea, que tem apenas uma área num piso superior, onde se localizavam os três dormitórios, pouco usados pelo filhos do empresário, cujas atividades estavam centradas em São Paulo.
José Ermírio era pernambucano, de Nazaré da Mata, e descendente da aristocracia rural nordestina. Graduou-se engenheiro de minas, nos Estados Unidos, e, em 1921, regressou ao Brasil indo trabalhar em Minas Gerais.
Em junho de 1923, retornou a Pernambuco para assumir a gerência da Usina Aliança que pertencia a sua família.
Foi nessa residência onde Moraes recebeu senadores, presidentes e empresários pernambucanos. Entre eles, estava o prefeito do Recife e candidato a governador de Pernambuco Miguel Arraes com quem Moraes se elegeu, em 1962, derrotando o usineiro João Cleófas.
Em janeiro de 2021, a ex-diretora do Museu do Estado de Pernambuco, Margot Monteiro, esclareceu que de fato cuidou do processo de recebimento o imóvel como doação ao patrimônio do Estado de Pernambuco.
Segundo ela, após esse processo, o Governador Eduardo Campos passou a administração do imóvel para a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE, e que “em nenhum momento foi responsável pela gerência ou tomada de decisões sobre o referido equipamento cultural” , que em 2007 quando foi designada para dirigir o Museu do Estado de Pernambuco, pelo Governador Eduardo Campos, atou apenas na formalização da doação do imóvel.
Apesar da promessa de ter uma instalação de melhor qualidade, ainda hoje, o GBMar funciona num galpão próximo à residência na mesma praia de Piedade.
O Corpo de Bombeiros chegou a contratar um projeto que, segundo a instituição, foi aprovado pelo Grupo Votorantim, ex-proprietário do imóvel, e prevê a adaptação do imóvel respeitando a arquitetura e o valor histórico da casa principal.
A proposta do uso da edificação é servir de sede administrativa e operacional do GBMar, incluindo ainda a base para viaturas, embarcações e equipamentos, além de um memorial em homenagem ao senador pernambucano, mostrando sua trajetória, fotos e relatos.
Mesmo tendo sido concluído o projeto executivo, o Governo do Estado não destinou recursos para a restauração.