A varejista global online de moda, beleza e estilo de vida Shein anunciou nesta quinta-feira (20) que fará um grande investimento no Brasil, a fim de tornar o País um polo mais moderno de produção têxtil e de exportação para a América Latina.
A empresa planeja estabelecer parceria com dois mil fabricantes locais e criar aproximadamente 100.000 empregos nos próximos três anos para produzir peças com a marca Shein.
A notícia foi dada com exclusividade pela jornalista Miriam Leitão na sua coluna eletrônica no jornal O Globo, citando ter recebido a informação da equipe econômica, com quem os executivos da empresa chinesa teriam se reunido nos últimos dias.
No entendimento da jornalista “o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu fazer do limão uma limonada, após ter que recuar do anúncio do fim da isenção tributária para importação de bens de pequeno valor de outros países.”
No Brasil, a Shein é liderada por Marcelo Claure, chairman da Shein para a América Latina, cuja assessoria distribui um release com a informação de que "a chave para nossa estratégia de crescimento é alavancar nossa escala global e excelência operacional para apoiar e contribuir para as economias e ecossistemas locais."
A notícia de que a Shein está disposta a instalar um conjunto de dois mil fabricantes locais e criar aproximadamente 100.000 empregos nos próximos três anos para produzir peças com a marca Shein vem na esteira de uma série de notícias dando conta que da gigante asiática de e-commerce se beneficia de uma brecha na legislação brasileira que permite a importação de produtos com valor de até US$ 50, desde que seja feito entre pessoas.
A empresa, com sua plataforma global, se utiliza de algoritmos para encontrar pessoas na China que, em tese, enviam os produtos para os consumidores brasileiros, não sendo tributados com as taxas de imposto de importação.
Após a divulgação da notícia pela colunista de O Globo, a empresa distribuiu a informação de que a empresa está disposta a apoiar os fabricantes brasileiros e aumentar a competitividade, a companhia investirá inicialmente R$ 750 milhões para fornecer tecnologia e treinamento aos fabricantes a fim de atualizar seus modelos atuais de produção para o modelo sob demanda da Shein.
A empresa diz que o modelo do marketplace da companhia também tem apoiado os vendedores locais para que as suas marcas sejam reconhecidas como marcas de moda, ao contrário de outros marketplaces, onde isso não ocorre.
A expectativa da Shein é que, até o final de 2026, cerca de 85% de suas vendas sejam locais, tanto de fabricantes como de vendedores.
Se a promessa da Shein for, de fato, consumada, ela terá o enorme desafio de se adequar a legislação trabalhista brasileira que tem especificações muito diferentes da China, onde as condições de trabalho não são as do Brasil.
Atualmente, a indústria têxtil e a de confecções já trabalham com essa legislação e afirma que a carga tributárias a legislação trabalhista não permite que os seus produtos possam competir com os da China, independentemente de ser a Shopee. Alibaba ou a Shein.
A informação de que a Shein terá fabricas no Brasil também é nova pois a empresa é na verdade uma integradora de produção de milhares de pequenos fabricantes na China.
Não há informações de que a Shein administra diretamente fabricas de confecções concentrando suas ações no e-commerce tanto para os consumidores como para os lojistas que atuam na exposição de suas coleções.
A empresa anunciou que também esta semana está anunciado seu marketplace para vendedores locais para atender às demandas dos clientes brasileiros por uma variedade muito maior de produtos e categorias, bem como tempos de entrega mais rápidos. O modelo do marketplace começou a ser testado no País em 2022.
Mas ainda assim não existem muitas informações sobre o que é de fato a Shein. O site da Shein fornece poucas informações sobre si: é “uma empresa internacional de comércio eletrônico de moda rápida B2C” (Business-to-Consumer). A empresa também não indica o local de onde as roupas são distribuídas nem dá maiores informações. Sabe-se apenas que está sediada em Hong Kong.
A empresa disse no seu comunicado que sua estratégia é de beneficiar as comunidades locais, o onshoring (produção no mercado onde o bem será consumido) da manufatura também contribuirá para a competitividade geral da indústria têxtil com o potencial de aumentar as exportações.
Mas a grande questão que intriga empresária brasileiros é como a Shein vai adequar os seus preços em função da tributação no Brasil que é bem maior que ela teria que pagar se o Governo Lula passasse a tributar em 60% as encomenda como Imposto de Importação?
A Shein é objeto de várias denúncias de ONGs internacionais relacionadas a questões de produção de suas coleções. O governo Brasileiro também sabe que hoje boa parte das roupas e sapatos sequer são produzida na China, mas em noutros países, o que faz com que os consumidores brasileiros recebam mercadorias "Made in Bangladesh", “Made in Vietnan”, "Made in Indonesia" e “Made in India”, porque com a elevação do custo de mão de obra na China, as indústrias que agregam menos valor à matéria-prima deslocaram-se para centros mais baratos, como os países do sudeste da Ásia.
Não existem muitas informações, por exemplo, de onde vem as roupas que ela comercializa e se ela é, de fato, proprietária dessas unidades. Daí a curiosidade quando o ministro Haddad afirmou que “A Shein anunciou duas coisas.
A primeira é que vão aderir ao plano de conformidade da Receita Federal. Estão dispostos a fazer o necessário para normalizar as relações com a Fazenda. Em segundo lugar, eles pretendem nos próximos quatro anos nacionalizar 85% das suas vendas, no sentido de que os produtos serão feitos no Brasil”, disse.
Produzir no Brasil ainda que comprando de fabricas terceirizadas será mesmo uma mudança radical da companhia chinesa que nasceu com empresa predecessora fundada por três homens em 2008 na cidade de Nanjing, no leste da China.
Originalmente, eles vendiam principalmente vestidos de noiva. Entre os fundadores, estava Xu Yangtian, que não era estilista de moda mas um especialista em otimização de mecanismos de busca na internet. Em 2012 – até então sem seus ex-colegas – ele começou a distribuir moda feminina sob o nome de domínio sheinside.com. O negócio decolou em 2015.
Na informação divulgada pela assessoria da Shein no Brasil, nesta quinta-feira (20), está ainda uma declaração do General Manager da empresa no Brasil, Felipe Feistler, que afirmou ser objetivo da empresa apoiar os fabricantes e fornecedores brasileiros para que possam aumentar seu alcance e crescimento no Brasil, bem como agir como um bloco de construção para futuras oportunidades globais".
Em novembro último, Feistler foi responsável pela abertura de sua primeira loja com venda presencial no Brasil. A pop-up store aberta, no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, é uma loja conceitual onde o cliente pode provar as roupas mas recebe pelos Correios.
Mas a empresa aterrissou em solo nacional desde 2021 quando a varejista já vendia mais de 2 bilhões de dólares (aproximadamente 10,3 bilhões de reais). O sucesso foi tamanho, que a Shein decidiu estruturar melhor sua operação local.
Esta semana, varejista global de moda, beleza e lifestyle, inauguraou seu primeiro escritório no Brasil a fim de consolidar sua operação local e reforçar sua atuação no mercado nacional. Fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, e ocupa uma área de mais de 1.600 m² do Edifício Vera Cruz Plaza, o espaço conta com mais de 200 estações de trabalho.
O escritório vem depois da empresa - que até 2021 não tinham qualquer espaço locado nos condomínios logísticos no Brasil - ter se tornado, este ano, a mais voraz locatária de galpões no país hoje a Shein ocupa 80 mil m².