No hospital infantil público Exequiel González em Santiago, no Chile, um grupo de cães já ajudava a tornar a estadia de crianças mais leve e divertida. Os oito cachorros no entanto, não animam só os pacientes pequenos durante a pandemia. Sobrecarregados por meses de luta contra o coronavírus - como em grande parte do mundo - médicos, enfermeiras e técnicos do hospital os procuram também para diminuir seus níveis de estresse e ansiedade.
"Quando Morrón, um labrador retriever, entra no hospital, provoca imediatamente magia e ilusão tanto nos funcionários quanto nos pacientes e seus familiares", diz à AFP Fernanda Romero, da Fundação Trégua, que promove a terapia canina em conjunto com a ONG Creft de funcionários do hospital pediátrico Exequiel González.
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O trabalho dos cães que colaboram com as terapias começa desde o momento que antecede a entrada da criança na sala de cirurgia e termina após a recuperação. Sua atuação se concentra nas áreas de odontologia, cirurgia ambulatorial, saúde mental, reabilitação física e gestão de pessoas.
Enquanto Morrón se diverte na cama de uma menina hospitalizada que o penteia antes de iniciar seu tratamento, seu treinador garante que o cão permaneça calmo e dócil, como foi treinado desde filhote.
"Ver como o rosto da criança se ilumina é o que faz sentido", explica Romero durante uma visita da AFP ao hospital pediátrico. O vínculo humano-animal e como isso impacta a vida ou os sentimentos dessas crianças não é algo que "se explique muito em palavras, é uma experiência quase mágica", acrescenta.
Os cães da Fundação Trégua, na sua maioria labradores e goldens retrievers, são criados desde os primeiros meses de vida para se adaptarem a um hospital, às suas luzes e ao ruído constante das máquinas que ali trabalham.
Atualmente, oito cachorros auxiliam na terapia. A ideia é que esse ambiente seja normal para eles e, dessa forma, possam se concentrar em "controlar a ansiedade, o estresse e o medo das crianças diante das intervenções", diz Romero.
"Trabalhamos com a equipe em pausas ativas, com o objetivo de reduzir o estresse e a ansiedade, principalmente considerando o contexto pandêmico", conta à AFP Nicole Fraust, de 28 anos, que também faz parte da Fundação.
"Ajuda muito a tirá-los do contexto de trabalho com um cachorro aqui dentro", acrescenta ela, preocupada com a saúde mental do pessoal da linha de frente de atendimento aos 1,6 milhão de infectados com covid-19 até o momento no Chile e das 35.000 mortes confirmadas.
A Fundação não registra transmissão de infecções entre cães e pacientes. Para tomar precauções extremas, eles desinfetam o pelo do animal toda vez que ele cuida de um novo paciente.
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