Com o avanço da vacinação, flexibilização das medidas de contenção contra a covid-19 e desaceleração da doença, empresas pouco a pouco vão retomando as atividades presenciais. Com a mudança da rotina, que há mais de um ano mantinha grande parte dos trabalhadores em casa, todo precisam se adaptar - inclusive os pets. Isso porque eles se acostumaram a ter os tutores pertinho durante todo esse período, e sem dúvidas vão sentir a falta deles. E para que esse "desmame" seja feito de uma forma saudável, o JC traz algumas dicas.
A especialista em comportamento animal e professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi explica que muitos animais são sensíveis às mudanças e após se acostumarem com a dinâmica da casa em que fazem parte, qualquer alteração no contexto familiar pode gerar problemas de comportamento, em especial para os cães. Ainda mais aqueles adotados durante o período de extremo distanciamento social, que nunca estiveram sozinhos por muito tempo.
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Animais que se mostram mais apegados com uma pessoa da família ou tenham dificuldade em lidar com momentos de solidão, precisam de mais atenção. Além disso, qualquer mudança de hábito ou comportamento do pet, por menor que seja, é importante.
"Se as mudanças no comportamento estão visíveis e já existe desconforto para o animal que fica sozinho, é importante levá-lo para uma avaliação com um especialista, que poderá compreender a real complexidade e o contexto específico que a família esteja enfrentando e, com isso, intervir com mudanças no manejo do animal, do ambiente e até prescrever terapias que podem, inclusive, fazer uso de fármacos quando necessário", enfatiza a especialista.
"Estamos sujeitos a vários imprevistos no dia a dia e isso precisa ser levado em conta nesta fase tão desafiadora. Se, porventura, os pais e mães de pets têm a necessidade de se ausentar, tanto cães como gatos correm o risco de ter o bem-estar e saúde abalados. A dependência emocional em relação ao tutor não pode ser visto como um sinal de amor, pois é, na verdade, um transtorno que pode gerar a síndrome de ansiedade de separação", explica Thaís Matos, médica veterinária e especialista da área de Confiança & Segurança da DogHero.
Para saber se o seu animal está com problemas de comportamento como, depressão, ansiedade, tristeza ou apresente outro tipo de transtorno, é preciso observar alguns sinais como latidos exagerados, destruição de objetos, choros ou uivados constantes, arranhadura de portas, lamber partes do corpo, se autoflagelar, parar de comer, fazer xixi e cocô fora dos lugares habituais, se estão interagindo menos com as pessoas, dentre outras mudanças.
“O que aconteceu na pandemia foi uma percepção maior dos donos pelas questões psicológicas dos animais e a procura pelos serviços de adestramento foi absurda, porque a percepção do dono com relação a isso mudou bastante. Se antes o cachorro, por exemplo, ficava mais calmo, agora fica mais agitado e eufórico”, comenta a médica veterinária Laise Vasconcelos, que também coordena o curso de Medicina Veterinária da Faculdade UniFTC de Itabuna.
Muitos felinos são apegados aos seus tutores, mas a especialista pontua que observam-se menos casos de gatos com problemas de comportamento relacionados com a separação de seus tutores ou uma vida de isolamento por horas, visto que eles são mais voltados à manutenção de seu próprio território e, também, dedicam momentos de interação e brincadeiras que imitam e desenvolvem suas habilidades motoras e sensoriais de caça.
Confira dicas
- Para aqueles que ainda não retomaram as atividades presenciais, a especialista indica não deixar para a última hora e desde já ir acostumando o cão com intervalos de ausência gradativos para tornar essa separação menos difícil.
- Lembre-se que: ao sair de casa, nada de "drama" e nem faça "festa" ao retornar. Saia naturalmente e, ao voltar, espere seu animal sair do estado de agitação e de saudações exacerbadas para dar carinho e atenção somente depois que ele se acalmar.
- Deixe na cama do animal uma roupa com o cheiro do tutor e crie horários diários de passeio não vinculados a momentos anterior e posterior da saída das pessoas que o pet tem maior apego.
- Ofereça mais atividades individuais para o seu animal e evite pegá-lo no colo a todo momento ou fazer afagos constantes ao longo do dia, pois quando você estiver fora casa por mais tempo, não terá quem supra esta necessidade criada por você. Ainda que seja difícil, tente fazer um horário de trabalho, como se você estivesse no escritório. Escolha um cômodo para o home-office, com a porta fechada, sem comunicação visual e sem acesso ao animal.
Já Laise recomenda algumas atividades, principalmente as que envolvem gastar energia dos animais. “Entre as atividades, o tutor pode realizar exercícios com os animais, estabelecer horários fixos de passeio e de dar comida e comprar brinquedos que estimulem os sentidos dos bichos e que possam distraí-los durante o dia. Agora o principal de todos é: entender que está lidando com um animal de estimação e não com uma criança, logo as atitudes a serem tomadas precisam ser diferentes do que quando se lida com uma criança humana”, finaliza a especialista.
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