Mesmo caótica, Avenida Presidente Kennedy aumenta velocidade dos ônibus e reduz perda de viagens. Você acredita?

Publicado em 03/01/2014 às 18:26


Fotos: Roberta Soares   Os problemas da Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, são muitos e estão todos lá, em meio à desordem que ainda persiste na via. A Kennedy continua sendo vista como um monstro por muitas pessoas, sejam passageiros de ônibus, pedestres, motoristas, moradores ou comerciantes. Mas, mesmo com inúmeros ajustes gritantes a serem feitos, o corredor de faixa exclusiva vem mostrando, operacionalmente, resultados positivos para aquele que sempre foi o seu propósito - o transporte coletivo feito por ônibus. Nas ruas, a população não acredita e até ri da reportagem. Mas os números operacionais estão aí para comprovar: houve um ganho de 21% na velocidade média dos ônibus e o sistema perdeu três vezes menos viagens do que perdia antes da operação, mesmo ruim, do corredor. Muita gente já deve estar duvidando e criticando a reportagem, dizendo ser impossível obter números positivos numa via como a Presidente Kennedy, cuja obra até hoje não foi entregue oficialmente porque há erros que constrangem os gestores. Sejam da Prefeitura de Olinda ou do governo de Pernambuco, já que todos estão envolvidos no projeto e têm sua parcela de culpa pela sucessão de equívocos que virou a via. Mas eles existem e são da empresa Caxangá, que opera 18 linhas pela Kennedy e Terminal Integrado de Xambá, três delas troncais e extremamente carregadas. Depois da inauguração do TI, na segunda quinzena de agosto, o que forçou a operação na Kennedy, mesmo incompleta e degradada, a perda de viagens teve uma queda. Entre setembro e novembro de 2012, antes do TI, as 18 linhas que hoje passam pelo terminal e pela Kennedy perderam quase 1.700 viagens, mantendo-se equiparadas com a perda de viagens das outras 25 linhas da empresa - 1.813 perdas.     Entre os mesmos meses de 2013, pós-inauguração do TI Xambá e da faixa exclusiva da Kennedy, o não cumprimento das viagens caiu para 777 perdas nas linhas do TI, enquanto que as outras linhas ampliaram o prejuízo - 2.444 viagens não realizadas. Outro ganho foi em relação à velocidade dos ônibus. Os números da Caxangá apontam que os coletivos passaram a andar numa velocidade média de 20 km/h, quando antes desenvolviam 16 km/h. “Os ganhos estão começando, não há dúvidas. Não são expressivos porque o trecho é muito curto (a extensão do corredor da Kennedy é de quatro quilômetros). São difíceis de serem percebidos pela população por isso. Ninguém vai perceber, por exemplo, uma redução de cinco munutos no tempo de viagem. Mas o que queremos mostrar é que, quando há prioridade ao transporte coletivo, o ganho sempre vem. Esse desempenho da Kennedy poderia ser ampliado se os ajustes necessários fossem feitos e o espaço para o ônibus na rua fosse ampliado para outras vias que se interligam com ela, como a Avenida Cruz Cabugá, por exemplo”, defende José Luiz dos Santos, assessor de planejamento da Caxangá e Empresa Metropolitana, empresas que compõem o mesmo grupo. O Grande Recife Consórcio de Transporte também possui números que mostram resultados positivos na operação dos ônibus a partir do TI Xambá e do corredor da Kennedy. Assemelham-se aos da Caxangá. No sentido suburbio-Centro, algumas linhas chegam a desenvolver velocidades ainda maiores - pularam de 16,1 km/h para 21,95 km/h.     TI XAMBÁ FARÁ INTEGRAÇÃO COM O LARGO DA PAZ EM JANEIRO Há planos para corrigir os erros e lacunas deixados nos projetos tanto do corredor da Avenida Presidente Kennedy como do TI Xambá. Assim, os pequenos ganhos obtidos poderão ser ampliados e a população, quem sabe, começará a senti-los. Pelo menos essa é a promessa dos gestores públicos do governo do Estado e da Prefeitura de Olinda. A principal mudança será a integração com o terminal do Largo da Paz, em Afogados, prevista para começar ainda no mês de janeiro. Ajustes na geometria da Kennedy e implantação de travessias elevadas de pedestres e da rede semafórica também estão programados. A integração do TI Xambá com o TI Largo da Paz já será de grande ajuda. Isso porque uma das grandes críticas feitas ao terminal de Olinda é que ele foi inaugurado sem agregar integrações. A única existente é com o TI Joana Bezerra (linha TI Xambá-Joana Bezerra), que já existia antes da construção do TI (feita pela antiga linha Santa Casa-Joana Bezerra). André Melibeu, do Grande Recife Consórcio de Transporte, explica que a linha que hoje sai de Xambá para Afogados e para fora do terminal do bairro, obrigando o passageiro a pagar outra tarifa para acessar o metrô, agora integrará no Largo da Paz. Ficará faltando a ligação com o TI da Macaxeira, que está superlotado e, até ser construído o novo, não tem espaço para receber uma linha de Xambá. O secretário de Transportes e Trânsito de Olinda, Osvaldo Lima Neto, garante que ainda no mês de janeiro estará dando a ordem de serviço para implantação da sinalização semafórica do corredor da Kennedy, que passará a ter oito pontos de travessia de pedestres. A pavimentação das vias usadas como desvio para construção do viaduto da Pan Nordestina e a correção da geometria das paradas também estão previstas para serem feitas pelo governo do Estado. Não há, entretanto, data certa   ENTENDA OS GANHOS * Redução das viagens perdidas pelos ônibus (Dados da empresa Caxangá): Viagens NÃO REALIZADAS - set a nov/2012 (Linhas TI Xambá - 18) - 1.656 (Demais Linhas - 25) - 1.813 Viagens NÃO REALIZADAS - set a nov/2013 (Linhas TI Xambá - 18) - 777 (Demais Linhas - 25) - 2.444 * Ganho de velocidade dos ônibus (Dados da empresa Caxangá): Velocidade média antes do TI e do corredor - 16,3 km/h Velocidade média atual - 19,7 km/h * Ganho de velocidade dos ônibus ((Dados do Grande Recife Consórcio): Velocidade média antes do TI e do corredor - 16,1 km/h Velocidade média atual - 20,47 km/h   CORREDOR DA PRESIDENTE KENNEDY E TI XAMBÁ Vantagens 1) Os passageiros não pegam mais ônibus nas calçadas destruídas da Presidente Kennedy, sob sol e chuva. Agora contam com as estações (mesmo com defeitos) e a estrutura do TI Xambá. 2) Mesmo fazendo integração apenas com o TI Joana Bezerra (que já existia), a partir do TI Xambá os passageiros podem entrar no SEI e dispor de deslocamentos para vários bairros do Grande Recife pagando uma única tarifa. 3) A frota foi renovada. Cinquenta ônibus novos foram adquiridos para a operação do novo terminal. Desvantagens 1) A população reclama que perdeu as linhas que saíam direto dos bairros para o Centro do Recife, sendo obrigada a fazer integração no TI Xambá, perdendo tempo e enfrentando filas. 2) Com exceção da integração com o TI Joana Bezerra - antes feito pela linha Santa Casa-Joana Bezerra -, o TI Xambá não possui nenhuma outra integração. Faltam linhas que integrem no TI PE-15 e TI Macaxeira, por exemplo. 3) O corredor de faixas exclusivas da Kennedy possui erros grosseiros de geometria, que dificultam o acesso não só dos pedestres, mas também dos passageiros às estações. Os ônibus também têm dificuldade para sair das estações sem invadir a pista de tráfego misto. 16 de agosto de 2013 o TI Xambá entrou em operação 19 linhas estão em operação no terminal 44 mil usuários é a demanda diária estimada 185 ônibus fazem a operação 2.175 viagens são feitas por dia 3 minutos é o intervalo médio, nos horários de pico, das duas maiores linhas do TI Xambá (861 - TI Xambá/TI Joana Bezerra e 820 - TI Xambá (Cabugá)) Fonte: Empresa Caxangá/Grande Recife Consórcio de Transporte/Prefeitura de Olinda  
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