Ciclofaixa Santo Amaro, inaugurada nesta terça-feira (5/11), tem 6,6 quilômetros. Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem O Recife alcançou, finalmente, uma malha cicloviária de 100 quilômetros de extensão. Os últimos quilômetros que faltavam para totalizar a meta, prometida pelo prefeito Geraldo Júlio (PSB) ainda na campanha para a sua primeira gestão, em 2012 – e que deveria ter sido entregue desde 2016, vale ressaltar –, foram inaugurados nesta terça-feira (5/11), com a Ciclofaixa Santo Amaro, uma rota de 6,6 quilômetros no bairro localizado na área central da cidade. Assim, são sete anos de governo municipal para implantar 100 quilômetros de estrutura ciclável, o que, na opinião de quem batalha pela ampliação da infraestrutura para a bicicleta, é bom e merece ser reconhecido. Mas é pouco.
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A sensação de que poderia ter sido feito mais em quase duas gestões municipais é potencializada quando se considera que o Recife tem 2.400 quilômetros de sistema viário voltado, quase em sua totalidade, para a circulação de veículos individuais. Desse total, agora as bicicletas têm espaço próprio em aproximadamente 4%, dividindo um pouco da malha viária com os ônibus, que circulam por 650 quilômetros dos 2.400 e têm algum tipo de prioridade viária em apenas 58 quilômetros.
“Não vamos reclamar de infraestrutura criada para a bicicleta porque ela é fundamental para estimular o pedalar. Quando as pessoas têm ciclofaixas e ciclovias elas pedalam mais porque se sentem seguras. Agora, o que pontuamos é que existem vias muito mais importantes para o deslocamento do ciclista, muito mais perigosas e onde o volume de gente pedalando é muito maior, que são ignoradas pela prefeitura. É o caso de ruas como Agamenon Magalhães, Caxangá, Abdias de Carvalho e Real da Torre, por exemplo. Já fizemos contagens nesses corredores e o número de ciclistas impressiona. As ruas que compõem a Ciclofaixa Santo Amaro são vias que recebem menos ciclistas e que há menos conflito com os veículos”, alega Marcelo Melo, da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo).
De fato, a Ciclofaixa Santo Amaro não estava prevista no Plano Diretor Cicloviário (PDC) da Região Metropolitana do Recife, estudo elaborado por quase R$ 1 milhão e que dá diretrizes para a implantação da malha cicloviária do Grande Recife. Mas para Taciana Ferreira, presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), o que importa é a criação de novas rotas e o estímulo à mobilidade das pessoas, não dos veículos. “O PDC, como um plano diretor, dá diretrizes para a implantação da malha ciclável. E essas diretrizes são a ligação entre bairros, a conexão entre equipamentos e rotas existentes, o que nós temos atendido em todas as nossas expansões. Mas a cidade é viva, dinâmica. E, embora o PDC não indicasse muitas das ruas que compõem a Ciclofaixa Santo Amaro, nós identificamos uma necessidade de demanda ali. É fato que demos um salto de qualidade. Pegamos a cidade com 22 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas e chegamos a 100 quilômetros. Mas não estamos estimando essa evolução em extensão. O que a gente quer não é extensão de malha. Queremos promover uma mudança de comportamento na população. Buscamos uma cidade com mobilidade para as pessoas e, não, para os veículos”, destaca.
A Ciclofaixa Santo Amaro tem trechos unidirecionais (uma única direção) e bidirecionais (mão dupla). A maior parte, inclusive, foi implantado onde antes eram vagas gratuitas de estacionamento. A rota também conta com trechos de ciclorrota (quando não há segregação física entre veículos e ciclistas, apenas uma sinalização indicativa de compartilhamento e velocidade máxima de 30 km/h). Tem início na Rua Frei Cassimiro, segue pelas Ruas do Pombal e Treze de Maio até se conectar com a Ciclovia Graça Araújo, na Rua dos Palmares (continuação da Avenida Mário Melo). A partir da Rua Treze de Maio, a rota segue, ainda, pelas Ruas Tupinambás e Barros Barreto até chegar na Avenida Governador Agamenon Magalhães (via transversal à Avenida Cruz Cabugá). Da Rua do Pombal, a rota segue pelas Ruas Pedro Afonso, Doutor João Vieira de Menezes e Araripina até a Rua da Aurora, onde se conecta com o Eixo Cicloviário Camilo Simões, que chega ao município de Olinda. Desse percurso, a rota ainda segue pelas Ruas Coelho Leite e Fundição até se conectar, novamente, com a Ciclovia Graça Araújo, na Avenida Mário Melo.
Eu adorei, ficou muito bom. Passo aqui todos os dias e, mesmo sendo uma rua larga, o ciclista se arrisca muito. Tinham muitos carros estacionados e pouco espaço para a gente pedalar. Para mim foi excelente”, diz o operador de telemarketing Jair Santana
Quanto mais melhor. Espero que a prefeitura coloque cada vez mais estrutura para o ciclista na cidade. Eu faço tudo de bicicleta e me sinto muito mais seguro quando vejo uma ciclofaixa. Só lamentei ela não ter as duas direções em alguns trechos”, diz Marco Aurélio Bezerra, eletrotécnico