Pesquisa realizada em Londres confirmou o que todos que lidam com a mobilidade urbana e se preocupam com o futuro das cidades temiam: a pandemia do coronavírus potencializou a tendência à motorização da população. Ou seja, mais pessoas estão ou pretendem utilizar ainda mais o automóvel. Os resultados são preocupantes, principalmente, para o transporte público coletivo, que segue amargando uma perda de aproximadamente 30% da demanda de passageiros - cenário que muitos acreditam que irá se manter devido aos novos hábitos da sociedade.
E o Brasil ganhou lugar de destaque nessa tendência negativa para todo o planeta. Foi o País que teve a maior intenção de motorização: 62% das pessoas disseram que usariam o carro mais do que antes da pandemia, enquanto apenas 12% disseram que usariam menos. A pesquisa foi aplicada pelo YouGov-Cambridge Globalism Project, em conjunto com o jornal inglês The Guardian, sendo realizada com 26 mil pessoas em 25 países durante os meses de julho e agosto de 2020.
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A pesquisa, no entanto, também evidenciou uma desconexão entre crenças e ações, já que, embora a maioria dos entrevistados (mais de três para um) tenha concordado que a humanidade é principal ou parcialmente culpada pela emergência climática, muitos querem usar o automóvel no lugar de transportes mais sustentáveis. Esse resultado, inclusive, serve de alerta para os gestores públicos mundiais e, principalmente, do Brasil, que não incentivam formas sustentáveis e coletivas de transporte.
Assim como no Brasil, a preferência pelo transporte motorizado individual também foi dominante na África do Sul, onde 60% das pessoas ouvidas disseram que pretendem utilizar mais o automóvel diante de 12% que afirmaram que não. Nos EUA e na Austrália, o índice dos que afirmaram que passarão a dirigir também é alto, apesar de menor que no Brasil: 40% à favor e 10% contra. Em países como Reino Unido, Itália, Alemanha, Índia e China, a tendência foi menor.
As conclusões da equipe que aplicou a pesquisa é de que a reação da sociedade pelo mundo é uma resposta às dificuldades de espaçamento social adequado no transporte público, o que na prática significará mais tráfego, mais congestionamento e mais emissões.