A possibilidade de, em meio à pandemia, a população da Região Metropolitana do Recife enfrentar uma greve de ônibus na próxima semana está ficando maior. Nesta terça-feira (17/11), os motoristas, cobradores e fiscais de ônibus realizam uma assembleia para decidir se farão uma paralisação do serviço de transporte que até data já tem para começar: dia 24 de novembro, terça-feira da próxima semana. A assembleia de hoje será em dois turnos. O primeiro às 9h, com segunda chamada às 10h. De tarde, o segundo turno começa às 15h, com segunda chamada a partir das 16h.
E o clima é de confronto. Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, a proposta que será apresentada à categoria na assembleia terá três pontos que poderão impedir uma greve, dos quais um é indiscutível - o cumprimento, no prazo, da Lei 18.761/2020 que proíbe motoristas de acumularem a função de cobrador nos ônibus do Recife. Desse ponto, não vão abrir mão. Querem uma garantia do governo do Estado, como gestor do transporte metropolitano, de que a lei será cumprida.
E mais: querem a recolocação dos cobradores no sistema. Interpretam a nova legislação, considerando as modificações acrescidas no trâmite da Câmara de Vereadores, dessa forma. Baseiam-se na emenda do vereador Rinaldo Júnior (PSB) que limita aos cobradores a função de cobrar tarifas no ônibus que operam as linhas apenas municipais. “Nós entendemos que ela garante a volta desses profissionais porque, sem eles, os passageiros que pagam em dinheiro não vão conseguir circular. A lei precisa ser cumprida. Queremos uma garantia de que ela será implementada. É isso que vamos discutir na assembleia. E é provável, sim, que uma greve seja aprovada. A dupla função está insuportável para os motoristas. São muitas reclamações. Só queremos a execução da lei, que foi aprovada por unanimidade e sancionada pelo prefeito Geraldo Julio”, afirma Aldo Lima, presidente dos rodoviários.
GOVERNO DO ESTADO LIBEROU RETIRADA DOS COBRADORES EM MASSA
Os outros dois pontos também são difíceis de acordo, ainda mais em plena pandemia, com o sistema de transporte registrando perda de demanda de 30% e com a perspectiva de que essa redução se mantenha por um bom tempo ainda devido às mudanças de hábito da sociedade com a covid-19. Querem que as demissões de rodoviários sejam suspensas - não têm números oficiais, mas alegam 2 mil de agosto até agora - e que seja dada estabilidade de emprego por um ano.
E, por último, querem voltar a negociar com as empresas os outros pontos da campanha salarial, como a elaboração de uma nova convenção de trabalho. A categoria argumenta que a aprovada pela gestão passada não vale mais, já venceu e não será renovada porque ela permitia a dupla função. A assembleia será realizada na sede do Sindicato dos Rodoviários, em Santo Amaro, área central do Recife, em dois turnos: manhã e tarde. “A greve pode ser aprovada pela manhã e consolidada à tarde. E vamos fazer tudo direito, dentro da lei. Por isso, sendo aprovada, a paralisação acontecerá na terça-feira (24/11), uma data bem mais na frente das 72 horas impostas por lei”, diz Aldo Lima.
Sendo implementada, a nova lei que proíbe a dupla função de motoristas irá atingir diretamente 40% das linhas em operação no Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP). Esse percentual representa as linhas que circulam apenas no Recife: 161 das 399 existentes antes da pandemia.