SÉRIE JC NAS ESTRADAS
A Coluna Mobilidade está percorrendo alguns dos principais eixos rodoviários da Região Metropolitana do Recife na série de reportagens JC nas Estradas. A proposta é mostrar os gargalos viários, o impacto da transformação de muitas dessas estradas em avenidas urbanas para a população, e dentro do possível, fazer sugestões que possam melhorar a infraestrutura.
Confira o especial multimídia DESCAMINHOS
Confira a série de reportagens JC NAS ESTRADAS
Problemas da Estrada da Muribeca, no Grande Recife, começam ainda na BR-101
Governo de Pernambuco promete uma Estrada da Muribeca mais resistente e organizada
Projeto de restauração, infelizmente, não prevê ciclovia na Estrada da Muribeca, no Grande Recife
Para validar as visitas, conta com a parceria de engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE). Na Estrada da Muribeca, a participação foi do vice-presidente do Crea-PE, Stênio Cuentro, e do consultor em pavimentação e professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Sidiclei Magalhães.
ESTRADA DA MURIBECA
As obras de restauração da PE-17 (Eixo da Integração), mais conhecida como Estrada da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife - que tiveram a licitação lançada na semana passada pelo governo de Pernambuco - são para ontem. O Estado está, inclusive, muito atrasado no processo. Essa é a verdade. E quem afirma é gente como a autônoma Rebeca Santos, que diariamente convive com os problemas do corredor. Mora e trabalha na região e confirma: a rodovia virou rua de bairro. Mas com o tráfego e os perigos de uma rodovia. Até hoje, o poder público não conseguiu viabilizar a segurança viária para essa migração, tão comum em muitas das PEs que cortam o Grande Recife.
As intervenções são urgentes, necessárias. A rodovia tem um tráfego intenso de veículos pesados porque tem um trecho que concentra muitas indústrias e empresas do setor de logística. Além disso, há a circulação dos caminhões que recolhem lixo na RMR e levam para o aterro sanitário CTR Candeias. Também existem diversas linhas de ônibus. E, em meio a tudo isso, milhares de pedestres e ciclistas, sem qualquer tipo de segurança. E há espaço para atuar. A rodovia é larga no trecho mais conflituoso - são quatro faixas (14 metros)”,Stênio Cuentro, engenheiro vice-presidente do Crea-PE
O medo anda com quem circula pela Estrada da Muribeca e inibe a mobilidade ativa, que faz bem para as pessoas e as cidades. A história de Rebeca Santos é um exemplo da dimensão dos problemas da via. Ela recebeu a reportagem com uma lista de equipamentos para a bicicleta que há meses ensaia comprar. Mas não o faz por medo de trafegar na rodovia, mesmo morando há um quilômetro de onde trabalha. “Queria economizar a passagem, que está cara. Mas tenho medo. Já tive um vizinho atropelado e morto pedalando. Por essa estrada, o melhor é passar de carro ou ônibus. É muito perigosa”, diz.
Existem trechos extremamente urbanos e sem qualquer infraestrutura de segurança. Nos quais a função mista da rodovia fica ainda mais evidente devido à ocupação urbana. E há muitas interferências que potencializam os conflitos e o perigo. Um dos piores trechos, por exemplo, é o de Jardim Muribeca. Mas há espaço para fazer acostamento de um lado e calçada do outro”,Sidiclei Magalhães, engenheiro, consultor em pavimentação e professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB)
De fato, a Estrada da Muribeca dá medo. Principalmente os seis primeiros quilômetros a partir da interseção com a BR-101, até o aterro sanitário CTR Candeias. A partir daí, vira uma via quase rural e, apesar de também não contar sequer com acostamento, tem um volume menor de veículos, o que reduz os riscos de eventos de trânsito (colisões e atropelamentos). Mas antes, é um conflito só. Aliás, são diversos conflitos acontecendo a cada minuto e colocando em risco a vida da população que reside às margens e no entorno da rodovia, dependendo exclusivamente dela para acessar o litoral de Jaboatão e cidades como Recife e Cabo de Santo Agostinho, por exemplo.
O Eixo da Integração da Muribeca, inclusive, é uma das vias mais importantes do município porque é o principal acesso a Jaboatão Centro a partir do bairro de Prazeres. Corta os bairros de Muribeca Guararapes, Jardim Muribeca, Muribequinha e chega à área central de Jaboatão Centro. “As intervenções são urgentes, necessárias. A rodovia tem um tráfego intenso de veículos pesados porque tem um trecho que concentra muitas indústrias e empresas do setor de logística. Além disso, há a circulação dos caminhões que recolhem lixo na RMR e levam para o aterro sanitário CTR Candeias. Também existem diversas linhas de ônibus. E, em meio a tudo isso, milhares de pedestres e ciclistas, sem qualquer tipo de segurança. E há espaço para atuar. A rodovia é larga no trecho mais conflituoso - são quatro faixas (14 metros)”, destaca o engenheiro Stênio Cuentro, vice-presidente do Crea-PE.
Queria economizar a passagem, que está cara. Mas tenho medo. Já tive um vizinho atropelado e morto pedalando. Por essa estrada, o melhor é passar de carro ou ônibus. É muito perigosa”,Rebeca Santos, que adia a compra de uma bicicleta há meses por medo de pedalar na via. Mesmo morando a um quilômetro do trabalho
O pavimento da rodovia já esteve muito pior - é importante ressaltar. Mas não há mais qualquer sinalização horizontal, o que expõe ainda mais os pedestres e alimenta a sensação de insegurança. Também há trechos escuros, o que é ainda pior. Nem mesmo na bifurcação com o Conjunto Muribeca há faixas de pedestre, por exemplo. “Existem trechos extremamente urbanos e sem qualquer infraestrutura de segurança. Nos quais a função mista da rodovia fica ainda mais evidente devido à ocupação urbana. E há muitas interferências que potencializam os conflitos e o perigo. Um dos piores trechos, por exemplo, é o de Jardim Muribeca. Mas há espaço para fazer acostamento de um lado e calçada do outro”, recomenda o engenheiro Sidiclei Magalhães, consultor em pavimentação e professor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).