Numa tentativa de evitar conflitos no trânsito entre motociclistas e motoristas de automóveis, o Recife ganha novas áreas de espera para motos em cruzamentos da cidade. São os chamados motoboxes, que já existem em algumas vias e agora estão sendo implantados em cruzamentos da Avenida Agamenon Magalhães, corredor conhecido como o pulmão viário da capital porque, se ela parar, boa parte da cidade trava junto.
Os novos motoboxes estão sendo sinalizados em 20 cruzamentos da Agamenon Magalhães. A meta é implantar todos até o fim do ano, atendendo aos quase 5 mil motociclistas que transitam diariamente no corredor.
As mesmas áreas já tinham sido sinalizadas em alguns cruzamentos da Avenida Conselheiro Aguiar, no trecho do Pina, na Zona Sul do Recife, e na Avenida Norte, na Zona Norte da capital.
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Segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), as áreas permitem que os motociclistas aguardem a abertura do semáforo com segurança e que, na partida, os condutores não disputem espaço com os veículos maiores.
Razões não faltam para que a Prefeitura do Recife se preocupe com a segurança de motociclistas. Relatório de Segurança Viária da capital, produzido pela PCR em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global, apontou que 81% dos sinistros de trânsito com vítimas em 2021 envolveram motociclistas.
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Entre 2020 e 2021, o Recife registrou um aumento de 5% no número de ocorrências com motociclistas. Ainda assim, garante a CTTU, o número de vítimas fatais reduziu em 25%, o que representa uma diminuição das gravidades das ocorrências.
“Um sinistro traz consequências em várias áreas, seja na saúde com os serviços de socorro e nos hospitais, seja na previdência e, ainda, na própria estrutura e renda familiar. Dessa forma, é importante atuar na prevenção para que os nossos cidadãos estejam seguros e possam viver com qualidade, especialmente os que estão em idade de juventude, que são os mais afetados nos sinistros de trânsito fatais com motociclistas”, afirmou a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
Recife e Pernambuco ainda não têm, mas a experiência das faixas exclusivas para circulação de motos tem dado resultados positivos em São Paulo, onde um projeto piloto vem sendo testado nacionalmente e já está sendo ampliado.
Desde janeiro de 2022, a Avenida 23 de Maio, um dos mais importantes corredores da capital, que liga a Zona Sul ao Centro da cidade, ganhou uma Faixa Azul para motociclistas e obteve bons resultados.
Segundo a CET, a Faixa Azul passou a ser utilizada por 86% dos motociclistas, sem que houvesse óbitos ou sinistros graves no equipamento. Fora do espaço, com índice de uso de 14% dos motociclistas, teria ocorrido, praticamente, o dobro de sinistros.
Também segundo a CET, a lentidão média da Avenida 23 de Maio reduziu 6,6% na comparação com os mesmos períodos em 2019, quando não havia a faixa.
Devido aos bons resultados, a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) autorizou a CET a inserir o equipamento em mais três locais da capital paulista, em caráter experimental, por um ano.