O Nordeste é a segunda região do País que mais tem rodovias destruídas. São 71,3% da malha rodoviária pavimentada apresentando algum tipo de problema no pavimento, na sinalização ou na geometria das estradas. Pior que a região, só o Norte do Brasil, que tem 79,2% das rodovias com problemas.
A radiografia faz parte da Pesquisa CNT de Rodovias 2022, que chega à 25ª edição e foi divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) nesta quarta-feira (9/11). Este ano, foram mapeados 110.333 km no Brasil, o que representa a totalidade da malha rodoviária pavimentada brasileira. Nesta edição, houve um acréscimo de 1.237 km (1,1%) em relação a 2021, quando foram analisados 109.096 km.
Em terceiro lugar aparecem quase empatadas as regiões Sul e Centro-Oeste, com 65,3% e 65,0% da malha rodoviária com problemas. Por último, como esperado até pela grande presença de concessões rodoviárias, vem a região Sudeste, com 55,7% da malha rodoviária pavimentada considerada regular, ruim e péssima.
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No Nordeste, a Pesquisa CNT de Rodovias 2022 analisou 29.537 km, que representam 26,8% do total pesquisado no Brasil. No Norte, foram 13.745 km (12,5% do total pesquisado no País). Na região Sul, a CNT analisou 18.670 km (16,9% do total); no Centro-Oeste foram 18.084 km (16,4% do total); e no Sudeste, 30.297 km pesquisados, que representam 27,5% do total analisado no Brasil.
“A degradação da malha rodoviária brasileira está em um nível muito acelerado e algo precisa ser feito com urgência para reverter esse quadro. Caso contrário, o Brasil entrará num estágio em que terá que reconstruir sua malha rodoviária, sem ter recursos para isso”, alerta o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
“Nunca tivemos uma situação tão ruim. Pela primeira vez, desde que a Pesquisa CNT começou a ser desenvolvida, vimos resultados tão preocupantes. Este ano, tivemos menos de 10% do pavimento das rodovias analisadas considerado como perfeito. Em 2011, 2012, e até 2015, por exemplo, esse índice era de 35%. Em 2022 caiu para 9%”, segue alertando.
Bruno Batista confirma o que o histórico das pesquisas apontam: que o problema da degradação da malha rodoviária não é de um governo, mas de vários, da figura do Estado em si. “Nosso objetivo não é fazer críticas a um ou a outro governo. A situação da malha nesses 25 anos de análise mostra que é preciso uma política pública de investimentos. Sem recursos para manutenção e requalificação das estradas não vai ter solução”, reforça.
“Não é à toa que o Sudeste segue se destacando no ranking. Sete das dez melhores rodovias do País estão na região, onde predominam as concessões. Das dez melhores, nove são concedidas. Já a região Norte, por exemplo, tem situações extremas, como o fato de que 80% da malha foram avaliados como ruim. Estados como o Acre e o Amazonas, por exemplo, não tiveram rodovias consideradas como ótimas. No Acre, 98% da malha foram avaliadas como ruins”, diz.
“Já as dez piores são todas estaduais e públicas. Isso é um sinal de que, de fato, o poder público não investe. E não adianta termos uma malha federal boa ou razoável e uma malha estadual ruim. As duas se conectam porque compõem uma rede. Não faz sentido as BRs serem boas e as estaduais estarem em ruínas”, segue afirmando.
RANKING NORDESTE
Percentual de rodovias do Estado consideradas péssimas, ruins ou regulares
Maranhão - 88,1%
Ceará - 82,5%
Bahia - 71,6%
Pernambuco - 66,4%
Piauí - 65,8%
Sergipe - 64,6%
Rio Grande do Norte - 64,5%
Paraíba - 49,6%
Alagoas - 31,2%
CENÁRIO NACIONAL É RUIM
Os dados da CNT mostram que, nacionalmente, a malha rodoviária brasileira segue ruim, perigosa e, em vários Estados, com trechos quase intrafegáveis. E, o que é ainda mais alarmante: a situação piorou ainda mais este ano. Quase 70% das estradas do País apresentam algum tipo de problema, oscilando entre péssimas, ruins e regulares. Apenas 34% da malha analisada foi considerada, no mapeamento atual, ótima ou boa.
E o custo dessa histórica e permanente degradação é alto para o País: R$ 94,93 bilhões. Essa seria a quantia necessária para recuperar o estrago. Ou seja, para promover ações emergenciais, de restauração e de reconstrução das estradas.
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E por causa da ineficiência do País para cuidar e fiscalizar suas estradas - responsabilidade que precisa ser dividida entre o poder público e o setor privado -, o estrago provocou e provocará um consumo desnecessário de 1,1 bilhão de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento. Esse desperdício custará R$ 4,89 bilhões aos transportadores.
RADIOGRAFIA DA PESQUISA
• 110.333 km pesquisados. Acréscimo de 1.237 km (1,1%) em relação a 2021 (109.096 km)
• Abrange toda a extensão pavimentada das rodovias federais e das principais
rodovias estaduais do país
• 22 equipes de pesquisa; 30 dias de coleta em campo
Abrangência
Extensão avaliada por região (km)
Norte 13.745
Nordeste 29.537
Sudeste 30.297
Sul 18.670
Centro-Oeste 18.074
Tipo de gestão 2022
Gestão Pública 87.095
Gestão Concedida 23.238
Total 110.333
Extensão pesquisada por tipo de jurisdição (km)
Tipo de jurisdição 2022
Federal 67.382
Estadual 42.951
Total 110.333
SINISTROS DE TRÂNSITO RODOVIÁRIOS
• Os 64.515 sinistros de trânsito ocorridos em rodovias federais em 2021 geraram um prejuízo
aproximado de R$ 12,75 bilhões para o País e a perda 5.395 vidas (óbitos).
Custo econômico dos sinistros de trânsito rodoviários - 2021
Tipo/Custo médio (R$)/Número de sinistros/Custo adicional dos sinistros de trânsito (R$ bilhões)
Com fatalidade R$ 1.054.367,91 4.663 R$ 4,92
Com vítimas R$ 153.436,33 48.161 R$ 7,39
Sem vítimas R$ 37.267,67 11.691 R$ 0,44 R$ 12,75
Fonte: Elaboração CNT, com dados da PRF. Atualizado pelo IPCA de agosto/2022