Depois do sucesso que foi a adoção do Passe Livre para estimular o voto dos brasileiros nas Eleições 2022, a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria se comprometido em discutir políticas para adotar o benefício nacionalmente.
A informação foi repassada por Jilmar Tatto (PT), deputado federal eleito por São Paulo e que integra a equipe de transição de governo, ao jornal Folha de São Paulo. A declaração foi dada no sábado (27/11).
"O presidente Lula pode dar apoio a essa ideia. Joguei o tema para ser debatido no grupo de trabalho das cidades. Meu papel é ajudar a convencê-lo da necessidade do direito de ir e vir. Assim como a população tem acesso à saúde gratuita e universal, acesso à educação, precisa ter acesso ao transporte", afirmou.
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Jilmar Tatto foi secretário municipal de Transportes de São Paulo e é conhecido por apoiar a criação de um sistema semelhante ao SUS da saúde pública. O SUM - Sistema Único de Mobilidade - foi proposto ainda em 2017 pelo MDT (Movimento Nacional Pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos) e tem como base um fundo nacional de recursos para custear o transporte público no País, semelhante ao que acontece com a saúde, a educação e a segurança públicas.
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Nas discussões sobre os recursos para custear o SUM, existem várias fontes possíveis. Entre elas, a taxação dos estacionamentos privados, dos aplicativos de transporte individual de passageiros - como Uber e 99 -, da indústria imobiliária e da gasolina dos veículos particulares, por exemplo.
SUCESSO DO PASSE LIVRE
Além das Eleições 2022, a proposta da Tarifa Zero ganhou força com o anúncio do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), de que tinha determinado à sua equipe técnica que analisasse a possibilidade de adotar o benefício no transporte público da capital paulista.
Nas eleições, o Passe Livre virou um sucesso nacional, principalmente para o segundo turno. Levantamento de entidades que lutam pela prática como política de inclusão social - muito além das estratégias eleitorais - apontou que 378 cidades não cobraram a tarifa dos passageiros no domingo (30/10).
A estimativa era de que 98,2 milhões de pessoas foram beneficiadas. E, o que é mais gratificante sob a ótica da desigualdade social, todas as 27 capitais do País aderiram ao movimento. Até mesmo São Paulo, que resistiu à medida o quanto pôde, cedeu. E incluiu, além dos ônibus, o transporte sobre trilhos. Os metrôs e trens, vale ressaltar, não tiveram a mesma adesão que os sistemas de ônibus.
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SUCESSO TAMBÉM EM PERNAMBUCO
Em Pernambuco, números apresentados pela Urbana-PE (o sindicato das empresas de ônibus e quem controla o sistema de bilhetagem eletrônica dos coletivos do Grande Recife) mostraram que a demanda aumentou 115% em relação aos domingos comuns e 59% na comparação com o primeiro turno, quando o governo de Pernambuco não ofereceu gratuidade e uma tímida oferta de transporte.
Segundo a Urbana-PE, foram transportados 725.843 passageiros no domingo. No primeiro turno tinham sido 529.625 pessoas. A opção pelo controle do acesso dos passageiros aos coletivos - no lugar de apenas liberar as catracas, como a maioria das 378 cidades e capitais que aderiram ao Passe Livre no segundo turno - também se mostrou positiva.