A difícil situação financeira e operacional do Metrô do Recife, que segue sem recursos e ainda no programa federal de privatizações, será conhecida de perto pelos senadores e representantes do BNDES no próximo mês. Segundo o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), a visita técnica estaria para acontecer nos dias 13 e 14 de julho.
A visita foi aprovada durante audiência pública realizada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, presidida pelo senador Humberto Costa (PT) e realizada no dia 31 de maio. A data, entretanto, ainda poderá ser alterada, já que a assessoria do senador não confirmou os dias.
A proposta da visita é que os problemas do Metrô do Recife sejam mostrados aos senadores e técnicos do governo federal, numa tentativa de sensibilizá-los a ajudar no combate ao sucateamento do sistema. Estão previstas visitas ao cemitério de trens e VLTs, além das estações do metrô.
Ainda está na programação um encontro com a governadora de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) e a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para discutir um plano de recuperação do Metrô Recife.
O governo federal precisaria investir, de imediato, mais de R$ 1 bilhão para fazer com que o Metrô do Recife voltasse a operar com as mínimas condições. Na verdade, seriam entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão. O valor foi apresentado pela atual Superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, durante audiência pública no Senado Federal.
Segundo explicou o gerente operacional de recursos humanos da CBTU/Recife, José Inocêncio Andrade, os recursos seriam necessários apenas para reerguer a operação do Metrô do Recife, mantendo as condições operacionais mínimas.
“Seria para recuperar o material rodante, que são os trens e veículos de manutenção, realizar obras e serviços na via férrea e na rede elétrica, além de edificações no sistema. E seriam valores para serem aplicados no prazo de quatro a seis anos”, afirmou.
Até agora, o Metrô do Recife conseguiu a promessa de que o governo federal irá enviar R$ 260 milhões para o custeio, o que é considerado muito pouco diante do sucateamento do sistema.
As companhias metroferroviárias controladas pelo governo federal e que estavam com estudos de privatização concluídos seguem na mesma situação, apesar de o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter chegado aos seis primeiros meses.
E vão continuar assim, pelo menos por enquanto e até que a revisão dos estudos seja determinada pelo governo federal. Ou seja, vão permanecer no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).
A permanência afeta diretamente os processos de duas empresas estatais: a CBTU, que opera o Metrô do Recife e outros três sistemas no Nordeste (João Pessoa-PB, Natal-RN e Maceió-AL, tendo perdido no fim de 2022 o Metrô de Belo Horizonte-MG para a concessão privada), e a Trensurb, que atende a Região Metropolitana de Porto Alegre (RS).
A informação foi dada pelo chefe do Departamento de Estruturação e Projetos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Arian Bechara, durante audiência pública no Senado Federal para discutir a crise financeira do Metrô do Recife. E confirmada pelo ministro das Cidades, Jader Filho, durante evento do setor de transporte sobre trilhos no fim do mês de maio.
Jader Filho afirmou ser necessário primeiro esperar para que as novas diretorias das estatais de metrô e trens urbanos federais assumam e apresentem um diagnóstico sobre elas, antes de qualquer decisão sobre a retirada ou não do PPI. O ministro ainda ressaltou que as soluções terão que ser avaliadas individualmente para cada sistema.