INCENTIVO À INDÚSTRIA DO CARRO: montadoras já usaram 64% do crédito dado pelo governo federal

Como esperado, pacote de incentivos está sendo bastante procurado pelas montadoras de carros, enquanto as de ônibus ficam bem atrás
Roberta Soares
Publicado em 19/06/2023 às 16:58
Mesmo com o incentivo, o carro popular mais barato do Brasil segue caríssimo: um pouco menos de R$ 60 mil Foto: DIVULGAÇÃO


Em menos de 15 dias, montadoras de carros já solicitaram R$ 320 milhões de créditos do programa de estímulo à indústria do automóvel lançado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O valor corresponderia a 64% dos recursos disponíveis para a categoria, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) nesta segunda-feira (19/6).

Ou seja, em menos de 15 dias, mais da metade do montante de créditos tributários reservado para os automóveis, no valor de R$ 500 milhões, já foi utilizada. Segundo o MDIC, as montadoras que já solicitaram recursos foram a Renault, Volkswagen, Toyota, Hyundai, Nissan, Honda, GM, Fiat e Peugeot, que oferecem 266 versões de 32 modelos com descontos.

De acordo com a Pasta, as montadoras que mais solicitaram créditos foram a FCA Fiat Chrysler, que já usou R$ 130 milhões; a Volkswagen, com R$ 50 milhões; seguida da Peugeot Citroën, com R$ 40 milhões; e a Renault, que usou R$ 30 milhões. Na sequência, aparecem a GM e Hyundai, que pediram R$ 20 milhões cada; e, por fim, Honda, Nissan e Toyota, que solicitaram R$ 10 milhões cada.

Os descontos patrocinados pelo governo variam entre R$ 2 mil e R$ 8 mil e valem para veículos que custam até R$ 120 mil. "As montadoras podem aplicar descontos adicionais por conta própria, como vem ocorrendo", observou o MDIC.

PROCURA POR MONTADORAS DE ÔNIBUS E CAMINHÕES É BEM MENOR

Diferentemente dos automóveis, a procura dos créditos pelas montadoras de ônibus e caminhões não teve alteração em relação aos valores divulgados no balanço da semana passada. Para esses veículos, os descontos variam entre R$ 33,6 mil e R$ 99,4 mil.

DIVULGAÇÃO - Mesmo com o incentivo, o carro popular mais barato do Brasil segue caríssimo: um pouco menos de R$ 60 mil

Treze montadoras aderiram ao programa na modalidade ônibus e solicitaram R$ 130 milhões, equivalente a 43% dos R$ 300 milhões disponíveis para a categoria. As montadoras são Mercedes-Benz, Scania, Fiat Chrysler, Ford, Volkswagen, Volvo, Mercedes-Benz Cars & Vans, Comil, Ciferal, Marcopolo, Volare, Iveco e Caio Induscar.

No caso dos caminhões, são dez montadoras que já usaram R$ 100 milhões, o que corresponde a 14% dos R$ 700 milhões disponíveis. As montadoras que aderiram ao programa automotivo são Volkswagen Truck, Mercedes-Benz, Scania, Fiat Chrysler, Peugeot Citroën, Volvo, Ford, Iveco, Mercedes-Benz Cars & Vans e Daf Caminhões.

Confira a divisão do crédito do programa:

R$ 500 milhões para automóveis baratos e pouco poluentes

R$ 700 milhões para caminhões

R$ 300 milhões para vans e ônibus

PROGRAMA RECEBEU MUITAS CRÍTICAS DE ENTIDADES QUE DEFENDEM A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL

A tentativa do governo federal de “sustentabilizar” o programa de incentivo à indústria automobilística incluindo os ônibus no pacote de subsídios não foi suficiente para agradar o setor. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), entidade que representa as empresas operadoras de ônibus urbano de todo o País, avaliou que o programa avançou, mas que ainda é insuficiente para superar a crise provocada pela pandemia de covid-19.

O principal ponto é a adequação do setor às regras do programa, que estipulou a idade acima de 20 anos para troca dos ônibus com desconto. “A destinação de R$ 300 milhões para a renovação da frota de ônibus é uma sinalização positiva em relação à redução da idade média da frota nacional, que está envelhecida. Mas os critérios adotados pelo programa precisam ser ajustados à realidade do setor”, diz a NTU.

Antes mesmo de o programa ser detalhado, entidades que lutam por uma mobilidade urbana sustentável, focada no transporte público coletivo e nos modais não motorizados, já tinham feito críticas pesadas.

O Coalizão TriploZero - coletivo que trabalha para reduzir mortes no trânsito, ampliação da política Tarifa Zero no País e pela mobilidade ativa - foi o principal deles. Num posicionamento oficial, avaliou que a decisão é um retrocesso sob a visão da mobilidade urbana sustentável e, principalmente da crise climática que o planeta enfrenta, além de não ser condizente com a imagem que o presidente Lula vem construindo para o mundo.

Externamente, quer colocar o Brasil na vanguarda da discussão climática, mas internamente lança uma política nacional de estímulo à indústria automobilística.

CONFIRA o posicionamento na íntegra.

* Com informações do jornal Estado de São Paulo

 

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