A crise enfrentada pelo Metrô do Recife - sucateado, enfrentando um déficit anual de custeio no valor de R$ 300 milhões, e ainda sob risco de ser privatizado pelo governo federal - será conhecida de perto pelos senadores e deputados federais.
Os representantes do Congresso Nacional estarão no Recife no próximo dia 21 de agosto, segundo o senador pernambucano Humberto Costa (PT-PE). A visita foi articulada nesta quarta-feira (02/8), pelo senador e pelo deputado federal pernambucano Túlio Gadêlha (Rede Sustentabilidade).
Técnicos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDES), que está à frente dos estudos de privatização do governo federal, também devem participar.
“Conversei com o deputado Túlio Gadêlha para acertarmos os detalhes da diligência conjunta entre Câmara e Senado que faremos ao Recife para discutir a questão do metrô”, afirmou Humberto Costa.
“A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, da qual sou presidente, e a Comissão de Trabalho da Câmara, da qual o deputado Túlio é membro, aprovaram requerimento para acompanhar a precária situação dos trens na capital e buscar soluções ao problema. Faremos esse trabalho coletivo no próximo dia 21 de agosto”, garantiu o senador.
A proposta da visita é que os problemas do Metrô do Recife sejam mostrados aos senadores e deputados federais, numa tentativa de sensibilizá-los a ajudar no combate ao sucateamento do sistema. Estão previstas visitas ao chamado ‘cemitério de trens e VLTs’ e ao Centro de Manutenção de Cavaleiro (CMC), além de algumas estações do metrô.
Ainda está na programação um encontro com a governadora de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) - já que a estadualização do Metrô do Recife está em discussão com a privatização. E, ainda, a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para discutir um plano de recuperação do sistema metropolitano, que transporta aproximadamente 200 mil passageiros por dia e atende diretamente a quatro municípios do Grande Recife.
A visita dos senadores e deputados federais era esperada ainda para o mês de julho.
O governo federal precisaria investir, de imediato, mais de R$ 1 bilhão para fazer com que o Metrô do Recife voltasse a operar com as mínimas condições. Na verdade, seriam entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão. O valor foi apresentado pela Superintendência da CBTU no Recife, durante audiência pública no Senado Federal, em junho deste ano.
Os recursos seriam necessários apenas para reerguer a operação do Metrô do Recife, mantendo as condições operacionais mínimas. Seria para recuperar o material rodante, que são os trens e veículos de manutenção, realizar obras e serviços na via férrea e na rede elétrica, além de edificações no sistema. E seriam valores para serem aplicados no prazo de quatro a seis anos”, afirmou, na época, o gerente operacional de recursos humanos da CBTU/Recife, José Inocêncio Andrade.
Até agora, o Metrô do Recife conseguiu a promessa de que o governo federal irá enviar R$ 260 milhões para o custeio, o que é considerado muito pouco diante do sucateamento do sistema.
As companhias metroferroviárias controladas pelo governo federal e que estavam com estudos de privatização concluídos seguem na mesma situação, apesar de o terceiro governo do presidente Lula ter chegado aos oito primeiros meses.
E vão continuar assim, pelo menos por enquanto e até que a revisão dos estudos seja finalizada. Até lá, vão permanecer no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).
A permanência afeta diretamente os processos de duas empresas estatais: a CBTU, que opera o Metrô do Recife e outros três sistemas no Nordeste (João Pessoa-PB, Natal-RN e Maceió-AL, tendo perdido no fim de 2022 o Metrô de Belo Horizonte-MG para a concessão privada), e a Trensurb, que atende a Região Metropolitana de Porto Alegre (RS).