A greve do Metrô do Recife, que entra em seu quinto dia nesta segunda-feira (7/8), poderá ter um desfecho em breve. Às 15h, metroviários e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) terão uma segunda tentativa de conciliação mediada pela Justiça do Trabalho.
O encontro acontecerá na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), no Cais do Apolo, Bairro do Recife, Centro da capital. A reunião entre representantes do Sindmetro-PE e da CBTU será intermediada pelo desembargador e vice-presidente do TRT-6, Sergio Torres Teixeira, e pela procuradora-chefe substituta da Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região, Ana Carolina Lima Vieira Ribemboim.
Após a primeira rodada de negociação, realizada na sexta-feira (4/8), também no TRT-6, os metroviários decidiram continuar em greve por tempo indeterminado no Grande Recife. Mas a categoria decidiu atender à Justiça, que determinou a operação de 60% da frota do Metrô do Recife nos horários de pico da manhã e da noite (das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 19h30) e de 40% no restante do dia.
O descumprimento da determinação por parte da categoria prevê o pagamento de multa diária de R$ 60 mil, o dobro da que foi estipulada anteriormente, na paralisação de 48h.
Assim, o metrô estará operando com apenas seis trens na Linha Centro - a de maior demanda e que conecta o Recife a Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes, na RMR - e quatro na Sul - que faz a ligação com Jaboatão pela Zona Sul da capital.
Por isso, os passageiros devem se preparar para enfrentar muita lotação e transtorno.
Na reunião de sexta-feira, o sindicato solicitou o percentual de 15% no reajuste salarial, além de outras cláusulas sociais. Também foi afirmado que, na mesa de negociação ,foi redigida uma ata no dia 19 de junho de 2023, pugnando pelo cumprimento do acordo.
Como resposta, a CBTU confirmou a negociação e afirmou que a ata precisava ser aprovada na SEST (Serviço Social do Transporte), o que não ocorreu.
O desembargador sugeriu que a CBTU entrasse em contato com a SEST para, no prazo de 15 dias, trazer uma proposta mais concreta. Mas, a empresa não deu certeza de que conseguiria a reunião neste prazo.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a elaborar, junto ao sindicato, outra proposta, mas a empresa voltou a afirmar que a SEST indeferiu a proposta passada e não teria como apresentar novamente.
Assim, o desembargador Sérgio Torres agendou uma segunda audiência de negociação para a segunda, com a participação da SEST, representada pela funcionária Elisa Vieira Leonel.
“Nós queremos negociar. É tanto que fizemos uma segunda proposta. Mas, infelizmente, a empresa não quer negociar com a gente. Estamos tentando de toda forma chegar a um acordo e esperamos que consigamos com o TRT-6 mediando. Caso contrário, seguiremos em greve. A categoria não aguenta mais ser ignorada”, afirmou o presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares.
Os metroviários estão em Estado de Greve desde o fim do mês de abril como pressão para forçar o governo federal a retirar a CBTU do PND, o que não aconteceu mesmo após oito meses da gestão Lula. A categoria está revoltada com a postura do governo federal.
Além disso, alega que, em junho, a Administração Central da CBTU sentou com os sindicatos do Recife, João Pessoa, Maceió e Natal e fechou uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2025, que agora diz não poder cumprir porque o governo federal não aceitou.
A minuta previa um aumento de 15% no salário base da categoria, que passaria de R$ 2 mil para R$ 2.725 e a garantia de emprego no caso da concessão pública ou da privatização do Metrô do Recife. Mesmo pedindo 25%, a categoria teria cedido à proposta.
Na sexta-feira, após os metroviários decidirem pela manutenção da greve com o cumprimento da frota mínima de trens, a CBTU se posicionou, mais uma vez, por nota, apenas fazendo referência à operação mínima do sistema.
“A Companhia Brasileira de Trens Urbanos informa que, a partir deste sábado, 05 de agosto, de acordo com liminar do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, o Metrô funcionará com 60% de sua operação nos horários de pico (das 05h30 às 08h30 e das 17h às 19h30) e 40% nos demais horários”.