Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
CICLOMOBILIDADE

Ciclomobilidade está devagar no Recife: em três anos, menos de 50 km de ciclofaixas foram implantados na cidade

Atualmente, o Recife conta com 191,5 km de rotas cicloviárias, sendo 47,2 km implantados desde 2021

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Roberta Soares

Publicado em 15/04/2024 às 15:49 | Atualizado em 15/04/2024 às 15:51
Rede cicloviária do Recife foi tema de debate na Rádio Jornal, mas poder público não quis participar - GUGA MATOS/JC IMAGEM

A ciclomobilidade está devagar no Recife. Apesar dos avanços na implantação e expansão da malha cicloviária na última década - mérito das gestões do PSB, é importante destacar -, a Prefeitura do Recife deu uma desacelerada desde 2021.

Segundo dados oficiais da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), foram implantados menos de 50 km de estrutura para os ciclistas na cidade nos últimos três anos. Atualmente, o Recife conta com 191,5 km de rotas cicloviárias, sendo 47,2 km implantados entre 2021 e abril de 2024.

A estagnação da capital na ciclomobilidade foi um dos assuntos abordados no debate realizado na Rádio Jornal, nesta segunda-feira (15/4), quando se comemorou o Dia Mundial do Ciclista. O tema principal do debate foram os dez anos do Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife (PDC), que segue incompleto.

O debate contou com a participação da vereadora Liana Cirne (PT), que comandou uma audiência pública na Câmara Municipal no mesmo dia sobre o tema, e da cicloativista Barbara Barbosa, coordenadora da Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo).

PLANO DIRETOR CICLOVIÁRIO FICOU NA PROMESSA

Durante o debate - que não contou com a participação de representantes da CTTU Recife nem da Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura do Estado (Semobi), que recusaram o convite para participar -, a Ameciclo informou que o PDC ficou na promessa em uma década de criação e após custar R$ 3 milhões para ser elaborado, ainda no governo de Eduardo Campos (PSB).

No caso do Recife, o plano previa a implantação de 265 km de estrutura cicloviária na cidade entre 2014 e 2017, mas foram implantados 191,5 km entre 2014 e 2024. E, mesmo assim, apenas 75 km foram dentro da rede cicloviária estudada e prevista no PDC. - GUGA MATOS/JC IMAGEM

No caso do Recife, o plano previa a implantação de 265 km de estrutura cicloviária na cidade entre 2014 e 2017, mas foram implantados 191,5 km entre 2014 e 2024. E, mesmo assim, apenas 75 km foram dentro da rede cicloviária estudada e prevista no PDC.

“Ou seja, apenas 28% da rede que estava projetada no PDC foi implementada efetivamente. E estamos falando, basicamente, de ciclofaixas, que são estruturas que não protegem o ciclista como as ciclovias. E a maioria delas, com poucas exceções, colocadas em ruas que têm menos tráfego de veículos. Por isso que agora a nossa luta tem sido pela infraestrutura nas avenidas para facilitar o deslocamento de quem pedala”, alertou Bárbara Barbosa.

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A exceção na capital é a Ciclovia Agamenon Magalhães, construída pelo prefeito João Campos (PSB) depois de mais de seis anos de promessas das gestões anteriores, e implantada numa das áreas mais perigosas para quem pedala: a Avenida Agamenon Magalhães e o Viaduto Capitão Temudo, na área central da cidade.

O equipamento é, agora, a principal conexão entre bairros centrais do Recife e a Zona Sul, sendo alimentada diretamente por outras rotas cicláveis da cidade, como a Ciclovia Graça Araújo (que liga ao Bairro do Recife), e ciclofaixas da Zona Norte da capital.

No debate, mais uma vez foi cobrada a construção da Ciclovia da Avenida Caxangá, na Zona Oeste do Recife e um dos corredores de transporte por onde mais circulam ciclistas. Dados da Ameciclo apontam que 10 mil ciclistas usam a via diariamente.

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), inclusive, prometeu implantar mais 100 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas nos quatro anos da gestão, mas entre 2021 e abril deste ano, foram apenas 47,2 km e, em sua quase totalidade, de ciclofaixas e pulverizadas pela cidade - Renato Ramos/JC Imagem

“É um corredor que precisa de uma ciclovia urgentemente, como previsto no PDC. Como vereadora, destinei por duas vezes recursos para ajudar na implementação, mas a prefeitura não avançou com o projeto. Foram duas emendas, cada uma no valor de R$ 160 mil, que poderiam ajudar na elaboração dos primeiros estudos pelo poder público, por exemplo”, destacou a vereadora Liana Cirne.

JOÃO CAMPOS PROMETEU 100 KM EM QUATRO ANOS

A cobrança por mais infraestrutura para a bicicleta foi feita porque, embora o Recife seja a cidade que mais avançou na ampliação da malha cicloviária de toda a RMR, a capital recebeu críticas por ter reduzido o ritmo de implantação e ampliação da rede de ciclofaixas.

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O prefeito do Recife, João Campos (PSB), inclusive, prometeu implantar mais 100 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas nos quatro anos da gestão, mas entre 2021 e abril deste ano, foram apenas 47,2 km e, em sua quase totalidade, de ciclofaixas e pulverizadas pela cidade, muitas sem conexão e em vias de pouco tráfego de veículos. Pelo menos até agora.

CONFIRA a malha cicloviária do Recife AQUI

ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE CICLOVIA, CICLOFAIXA E CICLORROTA

A exceção na capital é a Ciclovia Agamenon Magalhães, construída pelo prefeito João Campos (PSB) depois de mais de seis anos de promessas das gestões anteriores, e implantada numa das áreas mais perigosas para quem pedala: a Avenida Agamenon Magalhães e o Viaduto Capitão Temudo, na área central da cidade. - Renato Ramos/JC Imagem

Ciclovias são áreas implementadas especificamente para a circulação de bicicletas, que ficam separadas fisicamente das pistas onde trafegam os veículos motorizados, como os automóveis e as motocicletas. São o equipamento mais seguro para quem pedala.

Já as ciclofaixas não têm a segregação física do tráfego de veículos tão evidente. A divisão é delimitada com pintura e sinalizadores, como “olhos de gato”, tachões e placas de sinalização vertical. A proteção do ciclista não é eficiente.

Enquanto que as ciclorrotas são uma área de compartilhamento entre ciclistas e veículos, que não oferecem qualquer tipo de segurança para quem pedala. Também chamadas de rotas de bicicletas, são espaços indicados para interligar os pontos de interesse, ciclovias e ciclofaixas.
As ciclorrotas geralmente são sinalizadas no solo ou por placas e devem ser implantadas em vias de tráfego mais calmo, com velocidade limitada a até 40 km/h.

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