INFRAESTRUTURA

BR-423: duplicação da BR-423, iniciada em novembro, já está paralisada no Agreste de Pernambuco

DNIT, órgão federal responsável pela duplicação, entretanto, nega a paralisação das obras. Diz que, embora não sejam vistas, estão em andamento

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Roberta Soares

Publicado em 11/06/2024 às 11:19 | Atualizado em 11/06/2024 às 15:21
Notícia

Mal começaram, as obras de duplicação da BR-423, no Agreste de Pernambuco, já estão paralisadas. A ordem de serviço do primeiro trecho do projeto de adequação da capacidade viária da rodovia - que compreende 43,1 quilômetros entre os municípios de São Caetano e Lajedo, num investimento de R$ 330 milhões, previstos no Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) - tinha sido assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro dos Transportes, Renan Filho, tendo ao lado a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, em novembro de 2023.

A paralisação, inclusive, não foi divulgada publicamente pelo governo federal, mas quem circula no trecho da rodovia não vê nenhuma obra. O JC percorreu a BR e encontrou apenas vestígios do início da construção, como manilhas (tubos de concreto utilizados em construções de esgotos sanitários, industriais e pluviais) acumuladas em uma das margens da rodovia. Os equipamentos são referentes aos trabalhos de terraplanagem e drenagem.

Os únicos trabalhadores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), órgão federal responsável pela duplicação, encontrados pela reportagem estavam executando remendos paliativos na estrada - a famosa operação tapa-buraco. A medida, segundo informaram, é necessária para reduzir a insegurança da BR enquanto os trabalhos de duplicação não são retomados. Principalmente na época de festejos juninos, quando o volume de veículos circulando em direção a Garanhuns e para Caruaru aumenta significativamente.

DNIT NEGA QUE OBRA ESTEJA PARALISADA

O que foi apurado extraoficialmente é que a obra enfrentou problemas com o licenciamento ambiental, que estaria sendo resolvido para que os trabalhos possam ser reiniciados em breve. Por nota, o DNIT negou a paralisação - embora a reportagem não tenha encontrado nenhuma obra entre as cidades de São Caetano e Cachoeirinha, que deveria marcar o início dos trabalhos.

O órgão federal, mantém, inclusive, a previsão inicial de conclusão para o primeiro trecho: setembro de 2026. E que a obra está em fase inicial com a instalação do canteiro de obras e o alargamento de bueiros.

Com relação à questão ambiental, diz que atua na conclusão de procedimentos ambientais, junto ao órgão ambiental competente, para dar maior celeridade à obra. Vale relembrar que a OS foi assinada no início de novembro de 2023.

Guga Matos/JC Imagem
O trecho da rodovia federal a ser duplicado é um dos principais acessos ao Agreste meridional de Pernambuco e via de escoamento da produção da bacia leiteira da região - Guga Matos/JC Imagem
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O JC percorreu a BR e encontrou apenas vestígios do início da construção, como manilhas (tubos de concreto utilizados em construções de esgotos sanitários, industriais e pluviais) acumuladas em uma das margens da rodovia. Os equipamentos são referentes aos trabalhos de terraplanagem e drenagem - Guga Matos/JC Imagem

Confira a resposta do DNIT na íntegra:

“O DNIT informa que as obras de duplicação, adequação e restauração da BR-423/PE do trecho São Caetano/Lajedo (km 18,2 ao km 60) se encontram em andamento e tem previsão inicial de conclusão para setembro de 2026.

Nesta fase inicial foi realizada a instalação do canteiro de obras (km 23) e equipes estão atuando no alargamento de bueiros, no segmento da rodovia entre São Caetano e Cachoeirinha. O DNIT está trabalhando na conclusão de procedimentos ambientais, junto ao órgão ambiental competente, para dar maior celeridade à obra, avançando com a terraplenagem e demais serviços previstos, logo após o período chuvoso do inverno”.

ENTENDA A OBRA DE DUPLICAÇÃO DA BR-423

Os serviços de duplicação e adequação da BR-423 estão sendo executados pelo DNIT em 43,1 quilômetros da rodovia federal, do quilômetro 18,2 ao 61,3, com investimento previsto de R$ 330,3 milhões.

Todo o empreendimento, de 83,1 quilômetros, que liga São Caetano a Garanhuns, está incluído no Novo PAC. Em novembro de 2023, quando a OS foi assinada com pompa pelo presidente Lula, a empresa vencedora da licitação já atuava no trecho com os trabalhos iniciais de instalação do canteiro de obras, mobilização da equipe e dos equipamentos e preparativos para dar a largada na execução de serviços de terraplanagem e drenagem, inicialmente nos primeiros 20 quilômetros.

O trecho da rodovia federal a ser duplicado é um dos principais acessos ao Agreste meridional de Pernambuco e via de escoamento da produção da bacia leiteira da região. A requalificação da rodovia deve impulsionar, ainda, o crescimento dos setores de serviços, turismo e comércio.

SEGUNDA ETAPA ESTARIA GARANTIDA, AFIRMOU UNIÃO NA ÉPOCA

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Os únicos trabalhadores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), órgão federal responsável pela duplicação, encontrados pela reportagem estavam executando remendos paliativos na estrada - a famosa operação tapa-buraco - Guga Matos/JC Imagem
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Os únicos trabalhadores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), órgão federal responsável pela duplicação, encontrados pela reportagem estavam executando remendos paliativos na estrada - a famosa operação tapa-buraco - Guga Matos/JC Imagem
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O trecho da rodovia federal a ser duplicado é um dos principais acessos ao Agreste meridional de Pernambuco e via de escoamento da produção da bacia leiteira da região - Guga Matos/JC Imagem

Apesar de os trabalhos da primeira etapa da duplicação da BR-423 estarem paralisados, na época da assinatura da OS o governo federal garantiu que o segundo trecho, mais 40 quilômetros entre Lajedo e Garanhuns, teria início até o fim de 2024.

Durante a solenidade de assinatura, no Palácio do Planalto, o ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que o edital do projeto da segunda etapa estava quase concluído e seria lançado em breve.

O ministro, inclusive, chegou a pedir ajuda à bancada federal pernambucana, presente em peso na assinatura da OS, para que conseguisse os recursos necessários para o projeto. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, estava presente na assinatura.

GARANTIA DADA TAMBÉM POR LULA

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O JC percorreu a BR e encontrou apenas vestígios do início da construção, como manilhas (tubos de concreto utilizados em construções de esgotos sanitários, industriais e pluviais) acumuladas em uma das margens da rodovia. Os equipamentos são referentes aos trabalhos de terraplanagem e drenagem - Guga Matos/JC Imagem

Em sua fala na época, o presidente da República também garantiu o segundo trecho. “Na assinatura da segunda ordem de serviço para continuar a duplicação da 423 eu quero estar em Garanhuns. Essa obra me é cobrada desde o meu primeiro mandato”, afirmou Lula.

Mais cedo, a garantia foi dada pelo ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, em entrevista ao programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal. Segundo o ministro, que como deputado federal atuou para viabilizar a duplicação da BR-423, a segunda etapa da duplicação está garantida no Novo PAC do governo federal.

“A rodovia é fundamental para o escoamento da produção daquela região e o trecho entre Lajedo e Garanhuns também é certo. Vamos avançar nesse projeto e acredito que no fim de 2024 conseguiremos estar lançando a segunda etapa”, afirmou.

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