Retrospectiva 2024: explosão do Uber e 99 Moto no País e o crescimento das mortes e mutilações no trânsito marcaram o ano da mobilidade urbana
Confira os principais destaques para a mobilidade urbana no País e em Pernambuco em 2024, um ano em que o setor teve poucos avanços

A mobilidade urbana do País e de Pernambuco não teve o que comemorar em 2024. Tornou-se mais violenta, com um aumento do número de mortos e feridos no trânsito. Situação puxada pela explosão do uso de motocicletas pelos aplicativos de transporte de passageiros, como Uber e 99 Moto, e pelos deliverys.
Na infraestrutura, o Recife viu a Ponte Iputinga-Monteiro ser concluída pela prefeitura depois de 12 anos paralisada, e o Estado destinar R$ 5,1 bilhões para a recuperação da malha rodoviária estadual.
Nacionalmente, o cenário ganhou expectativa com os R$ 9,9 bilhões destinados às várias áreas da mobilidade urbana com o lançamento do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pelo governo federal.
ÔNIBUS DO GRANDE RECIFE

O governo de Pernambuco extinguiu o Anel B e unificou as tarifas dos ônibus da RMR, o que foi excelente para o passageiro. Mas, por outro lado, o sistema nunca esteve tão velho, sem inovação e totalmente vandalizado, com pulos de catracas, invasões de coletivos e estações e o surf nos ônibus.
E, ainda, com a expectativa de começar o ano de 2025 com um aumento das passagens de quase 4,30%, cuja proposta feita pelo Estado será votada em reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) prevista para essa segunda-feira (30/12).
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METRÔ DO RECIFE

O Metrô do Recife definhou ainda mais, com quebras cada vez mais frequentes, perdas de passageiros e concessão à iniciativa privada tida como certa. O passageiro metropolitano passou o ano de 2024 convivendo com a crise do sistema, sem perspectiva de soluções nem pelo governo federal nem pelo estadual.
MORTES NO TRÂNSITO
Recife passou o ano contabilizando mortos no trânsito, principalmente de ciclistas e ocupantes de motocicletas - tanto condutores (motoqueiros), mas especialmente de passageiros, em sua maioria vítimas dos aplicativos de transporte com motos. Os números do próprio SAMU e CTTU mostraram isso. Foram mais de dois mil atendimentos a mais.



No Grande Recife, uma tragédia marcou o ano: o atropelamento coletivo de fiéis pelo condutor de um micro-ônibus do sistema de transporte municipal de Jaboatão dos Guararapes, durante o Domingo de Páscoa, que deixou cinco mortos e outros 29 feridos graves. Três pessoas foram indiciadas por homicídio doloso (dolo eventual) oito meses depois, mas aguardam julgamento em liberdade.
TRANSPORTE POR APLICATIVO COM MOTOS
O ano foi de consolidação dos aplicativos de transporte de passageiros com motocicletas, como Uber e 99 Moto, que seguiram operando sem proibição ou regulamentação no Recife e em muitas cidades da Região Metropolitana, do Estado e do País. Em 2024, mais de quatro mil cidades brasileiras contavam com o serviço.


INFRAESTRUTURA
Foi o setor que mais avançou no Estado com o lançamento, já no fim de 2024, do PE na Estrada, programa de requalificação da malha rodoviária orçado em 5,1 bilhões e que está sendo uma das bandeiras da governadora Raquel Lyra. O Recife e algumas cidades da RMR também tiveram obras importantes, como a conclusão da Ponte Iputinga-Monteiro (Jayme de Gusmão) e a construção de outras pontes e pontilhões, além do avanço do Canal do Fragoso, em Olinda.
Outros exemplos são as obras de alargamento da BR-232 na saída do Recife para o interior do Estado e de requalificação e urbanização da PE-015, entre Olinda e Paulista. Assim como a previsão de iniciar em 2025 as obras do trecho sul do Arco Metropolitano, o menos polêmico do projeto. E, ainda, a duplicação da BR-423, entre São Caetano e Garanhuns, no Agreste do Estado, e a conclusão da duplicação da BR-104, na mesma região.
A expectativa de duplicação da BR-232 até Arcoverde e, depois, até Serra Talhada, também foi uma boa notícia de 2024.



NOVO PAC
A boa notícia para a mobilidade urbana foi o lançamento do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pelo governo federal, agora com a versão Seleções, que prevê quase R$ 10 bilhões para ampliar a rede de transporte público no País, principalmente os sistemas de alta capacidade, como metrôs, VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) e BRTs (Bus Rapid Transit).
Os recursos serão distribuídos entre 58 cidades de 24 estados. Amapá, Rondônia e Sergipe foram os três estados brasileiros que ficaram de fora porque não apresentaram projetos.