Multas: infrações gravíssimas e graves crescem 36% no País, aponta levantamento nacional
Entre as infrações de trânsito mais cometidas estão o uso do celular ao volante, a falta de cinto de segurança e o excesso de velocidade
Infrações graves e gravíssimas como excesso de velocidade, uso do celular ao volante e falta do cinto de segurança, respectivamente, cresceram, em média, mais de 33% no Brasil em relação ao ano de 2023. O recorde, como já percebido nas ruas e avenidas do País, foi do uso e manuseio dos smartphones por motoristas e motoqueiros - algo ainda mais evidente com o crescimento dos aplicativos de transporte de passageiros com motocicletas, como Uber e 99 Moto.
O levantamento é nacional e foi realizado pela Zapay, startup que facilita a vida dos proprietários de veículos, com mais de 106 milhões de consultas realizadas no aplicativo. Para calcular o percentual de multas, a Zapay analisou uma amostra de dados com mais de 1 milhão de autuações de sua base.
De acordo com a empresa, as autuações pelo uso de celular foram as que mais cresceram em comparação com o ano passado, registrando aumento de 36%. A infração é considerada gravíssima e tem multa prevista de R$ 293,47, com sete pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Dirigir sem o cinto de segurança ficou em segundo lugar no ranking das infrações que mais aumentaram do ano passado para cá. Foram 33% a mais de multas registradas pela plataforma. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a infração é grave, com autuação de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira.
Completando a lista, está a infração de excesso de velocidade que, neste ano, registrou 32% de aumento. A multa varia de acordo com o valor excedido, podendo chegar à gravíssima quando o motorista ultrapassa os 50 km/h do limite de velocidade. Neste caso, além da multa de R$ 880,41, são descontados sete pontos da CNH.
INFRAÇÕES DE ALTA LETALIDADE
O crescimento das infrações assusta, principalmente, porque são práticas perigosas, que estão entre as principais causadoras de sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo o CTB e a ABNT) com mortes no Brasil.
De acordo com o Atlas de Acidentalidade do Trânsito Brasileiro, divulgado em 2021, a distração ao volante, principalmente com uso de celulares, foi a causa de 1.503 mortes, sendo a segunda causa dos sinistros fatais ocorridos naquele ano. Logo em seguida, o Atlas aponta o excesso de velocidade, com 677 mortes, terceira causa de colisões fatais no mesmo período.
Já os dados sobre a falta de cinto de segurança são mais recentes. De acordo com um levantamento da Polícia Rodoviária Federal, de janeiro a setembro de 2024, 569 pessoas morreram em sinistros de trânsito pelo uso incorreto do cinto. O que significa aproximadamente uma morte a cada onze horas no País.
MOTORISTAS ESTÃO DIRIGINDO CADA VEZ MAIS DISTRAÍDOS COM A TECNOLOGIA
Em julho de 2024, um estudo realizado pela Allianz, uma das maiores seguradoras do mundo, já tinha constatado que o avanço da tecnologia está afetando cada vez mais os motoristas, acendendo um alerta sob a ótica da segurança viária. São cada vez mais condutores distraídos, principalmente, com os smartphones, sentados ao volante e colocando a vida de todos que fazem o trânsito em risco.
São vários alertas de distrações feitos a partir das constatações. A principal delas é o envio de mensagens de texto, hábito que substituiu completamente as conversas pelo telefone - e que tem o WhatsApp como o grande vilão. O estudo da Allianz mostra que a proporção de motoristas que pegam seus smartphones para ler ou enviar um texto aumentou quase dois terços entre 2016 e 2022, de 15% para 24%.
São condutores que potencializam em mais da metade o risco de provocar um sinistro de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo a ABNT). "Usar um smartphone enquanto dirige tornou-se uma parte normal da vida cotidiana e tem aumentado as possíveis distrações nos veículos. Esse desenvolvimento é preocupante e perigoso. Qualquer pessoa que envie mensagens de texto enquanto dirige aumenta o risco de um sinistro de trânsito em mais de 50%”, afirma Lucie Bakker, diretora de Sinistros da Allianz Versicherungs-AG.
AUTOMÓVEIS CADA VEZ MAIS TECNOLÓGICOS TAMBÉM
Outro vilão é a tecnologia disponível nos próprios veículos. O estudo da Allianz mostra que, em 2016, apenas um terço dos motoristas possuía um veículo com display central, para operar as funções de comunicação, entretenimento e conforto (computador de bordo).
Mas, agora, esse percentual aumentou para quase 50%. Cerca de metade dos entrevistados no estudo da Allianz confirmou que se distrai ao operar o computador de bordo. Com isso, o risco de colisões e atropelamentos aumenta em 44%.
No estudo, a Allianz ainda pontua que algumas funções são particularmente arriscadas. É o caso, por exemplo, dos condutores que abusam de uma função de direção assistida, como o sistema de assistência à faixa, para liberar as mãos do volante por períodos mais longos. Esses têm uma chance 56% maior de sofrer um sinistro de trânsito.
CONDUTORES AINDA MAIS OUSADOS
O estudo da Allianz constatou, ainda, que existem motoristas ainda mais ousados com as novas tecnologias quando estão ao volante. Seriam os que costumam usar funções ou aplicativos que vão além de mensagens de texto, chamadas telefônicas ou navegação.
- Imprudência no trânsito: mais da metade dos donos de motos não são habilitados no Brasil
- Mortes no trânsito: onde vamos parar com a insegurança, imprudência e desrespeito no trânsito do Brasil?
- Álcool, velocidade e imprudência ao volante deixam nove mortos e feridos em colisões de trânsito em Pernambuco
"Telefones celulares ou outros dispositivos eletrônicos portáteis estão sendo cada vez mais usados para jogar, selecionar músicas, ver fotos, navegar na internet ou outros propósitos. Em nossa pesquisa de 2016, apenas 6% admitiram realizar essas atividades enquanto dirigem. Em 2022, um em cada cinco (22%) afirmou fazer isso", declara Lauterwasser.
JOVENS, COMO ESPERADO, SÃO OS QUE MAIS PROPENSOS À DISTRAÇÃO
Os motoristas jovens são os mais propensos a dirigir distraídos. Segundo a Allianz, os condutores jovens com idades entre 18 e 24 anos correm um risco particular de condução distraída; 30% dos motoristas nesta faixa etária dizem que usam o smartphone enquanto dirigem, enquanto, dentre todos os motoristas, esse número é de 16%. Quatro em cada dez afirmam enviar ou ler mensagens eletrônicas com o celular na mão – um aumento de 2,5 vezes entre 2016 e 2022.