Perfil falso Uber e 99: aumentam denúncias de motoristas e motoqueiros usando perfis falsos no País, inclusive com prisões em flagrante
Motoristas estão comprando perfis falsos e denúncias incluem serviço com motos, como Uber e 99 Moto. Plataformas garantem que segurança é prioridade
As denúncias de que, por diversas razões, motoristas de aplicativos, inclusive do transporte com motos, estão comprando ou alugando perfis falsos para rodar nas cidades transportando passageiros, têm aumentado no País. E assustado quem é passageiro do serviço, que tem apenas uma plataforma digital como garantia de segurança e eficiência - vale ressaltar.
Depois de três motoristas serem presos no Rio de Janeiro por estarem usando perfis falsos, mais uma prisão aconteceu em São Paulo. Nas duas situações, a primeira em setembro e a segunda recentemente, o uso dos perfis falsos foi flagrado nos aeroportos das capitais.
Os flagrantes, inclusive, levaram o Ministério Público de São Paulo a abrir um inquérito civil para investigar os recursos de segurança das plataformas que verificam os condutores cadastrados. Denúncias do tipo não são novidade e, principalmente depois da pandemia de covid-19, começaram a surgir com maior frequência. Mas nos últimos meses ficaram mais comuns, inclusive com prisões.
EM SÃO PAULO, FALSO MOTORISTA CHEGOU A ROUBAR PASSAGEIROS
O uso de perfis falsos, alugados ou comprados, esconde dois riscos: a inabilidade do condutor - principalmente se for do serviço com motos - e a insegurança para o passageiro. Isso porque a prática tem envolvido tanto pessoas que querem de fato trabalhar e foram banidas das plataformas, quanto criminosos que planejam roubar os passageiros, como aconteceu em São Paulo.
Ao menos duas pessoas foram atacadas em setembro e outubro por um mesmo homem, que utilizou duas contas falsas para aceitar as corridas. Nos dois casos, o embarque ocorreu no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O motorista foi preso e confirmou ter comprado as contas de um intermediador.
Uma das vítimas seria uma mulher de 57 anos, que afirmou à Polícia Civil de São Paulo ter conferido a placa do veículo antes de embarcar no Aeroporto de Guarulhos, no dia 7 de outubro. E que o motorista chegou a chamá-la pelo nome.
Mas o condutor, na verdade, era um assaltante de 30 anos, que roubou os pertences da mulher e fugiu. Anteriormente, já tinha roubado uma outra mulher, de 32 anos, com outro perfil falso. Nesse caso, a vítima foi obrigada a fazer transferências bancárias no valor de R$ 18 mil.
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O falso motorista foi preso dez dias depois de roubar a primeira passageira e confessou os crimes. Ele chegou a usar facas para intimidar as vítimas.
CASOS DE PERFIS FALSOS TÊM AUMENTADO NO PAÍS DEVIDO A BLOQUEIOS
Sindicatos e associações da categoria, por exemplo, confirmaram em entrevista ao jornal Folha de São Paulo que os casos têm aumentado não só em São Paulo, mas em todo o Brasil. E que esse crescimento se deve aos bloqueios de motoristas realizados pelas plataformas. Esses bloqueios estariam fomentando o mercado de contas falsas.
Os perfis enganam o sistema de segurança das plataformas. Seriam montados com dados pessoais obtidos em sites e aplicativos, e com fotos semelhantes as dos condutores cadastrados para evitar suspeitas.
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Quem já passou pela situação diz se sentir indefeso, já que o motoqueiro ou motorista tem acesso à plataforma. “Eu tive sorte porque fiquei atenta à foto do condutor e percebi que não era ele. Mas a placa e o veículo batiam com o do aplicativo. Isso que assusta. Depois, soube que o carro tinha sido roubado naquele mesmo dia. Ou seja, provavelmente eu seria assaltada”, conta uma servidora pública que é cliente frequente da Uber e da 99, mas não quis se identificar. No caso do serviço com motos, como Uber e 99 Moto, o uso do capacete termina por facilitar a fraude e dificulta a identificação facial do motoqueiro.
PERFIS FALSOS VENDIDOS POR ATÉ R$ 600
Segundo as entidades, essas contas fakes durariam 30 dias e custariam de R$ 200 a R$ 400, mas podendo chegar até a R$ 600. “Essas pessoas são uma minoria, mas prejudicam uma classe inteira porque deixam o passageiro desconfiado com todos os motoristas”, lamentou o presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo do Estado de São Paulo, Leandro Cruz.
“Muitos dos motoristas que usam contas fake são trabalhadores que perderam a conta das plataformas e não têm outro jeito de ganhar dinheiro. Claro que isso é errado, mas é o jeito de a pessoa sobreviver também", afirmou na entrevista.
PLATAFORMAS DESTACAM SISTEMA DE VERIFICAÇÃO
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa as plataformas Uber e 99, garantiu por nota que a segurança do sistema de validação dos parceiros é prioridade para as empresas.
E que as plataformas investem e trabalham continuamente para proteger motoristas e parceiros, que contam com diversos recursos em viagens pelo aplicativo como, por exemplo, o compartilhamento de localização.?
Confira a bota da Amobitec na íntegra:
“As empresas associadas à Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) informam que a segurança de parceiros e usuários é prioridade em suas operações.? Não é autorizado pelas empresas nenhum tipo de comercialização de conta e o uso de contas falsas é uma prática proibida, podendo levar a implicações legais para os envolvidos. As plataformas possuem sistemas que buscam inibir práticas fraudulentas que, quando detectadas, são punidas inclusive com o banimento das contas.?
Para utilizar o aplicativo, o motorista deve cadastrar na plataforma seus dados pessoais, documentos e foto, possuir carteira de habilitação regular, além de passar por checagem regular de apontamentos criminais, entre outras exigências. É preciso ainda registrar dados do veículo a ser utilizado, seja próprio, alugado ou de terceiros, cuja documentação deve estar em dia. Os dados do motorista parceiro e do veículo são validados em sistema oficial do governo.?Como forma adicional de segurança, é solicitado periodicamente aos motoristas parceiros selfies para confirmar a identidade do condutor.?
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As plataformas investem e trabalham continuamente para buscar cada vez mais proteção por meio de ferramentas tecnológicas que atuam antes, durante e depois de cada viagem.Motoristas e usuários contam com diversos recursos em viagens pelo aplicativo como compartilhamento de localização, além de seguro para despesas médicas.
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As empresas colaboram com as autoridades de segurança pública para discutir alternativas e soluções que visam gerar ainda mais segurança. As plataformas têm buscado parcerias com a Polícia Militar para inibir ações criminosas por meio da integração ao sistema 190, o que já é realidade nos Estados do Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Amazonas e Pará”.?