OPINIÃO

Recheado de inverdades e fatos distorcidos, discurso de Bolsonaro para ONU cutucou uns e afagou outros

Leia a opinião de Romoaldo de Souza

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 23/09/2020 às 11:33 | Atualizado em 23/09/2020 às 11:33
REPRODUÇÃO/TV BRASIL
Bolsonaro falou por meio de gravação - FOTO: REPRODUÇÃO/TV BRASIL

O discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nos 14 minutos de abertura da  Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) foi recheado de inverdades, fatos destorcidos e do ponto de vista da linguagem foi incoerente, inconsistente e repleto de falta de coesão.

Vamos ao pontos. Bolsonaro disse às Nações Unidas que desde o princípio da pandemia tinha alertado que o Brasil teria dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego. E que os dois problemas deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade.

É uma verdade pela metade. É fato que o presidente brasileiro sempre fez alertas para os problemas econômicos, mas o tempo todo tratou a pandemia com desdém, dizendo que o vírus estava sendo superdimensionado e qualificou a doença como uma “gripezinha”

O presidente deixou a calculadora em casa, quando foi gravar o discurso da ONU. Bolsonaro afirmou ao mundo, ontem, que o auxílio emergencial totalizou 1.000 dólares.

Pela média da moeda americana, que é R$ 5,42 para cada dólar, na verdade, o governo brasileiro destinou cerca de US$ 775.

Outro trecho do discurso do presidente que passou longe da verdade, foi quando Bolsonaro disse que “nossa floresta [na amazônia] é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior”. Ainda conforme o discurso do presidente “os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas."

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que o Brasil registrou mais de 8 mil focos de queimadas na Amazônia no mês de agosto, constatando alta de 14,3% em comparação ao mês cheio de agosto em 2019. Espalhados por toda a região.

Levando em conta a linguagem empregada pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é possível afirmar que a fala dele foi carregada de falta de coerência sem tinha lógica. Faltaram fatos conexos, fatos ligados uns aos outros. A linha de raciocínio do presidente, no discurso da ONU, foi pontuada pela falta de sequência de informações. Cheia de contradições.

Finalmente faltou coesão no discurso do presidente. Jair Bolsonaro deixou em casa mecanismos de linguística que fazem a união entre os mais diferentes pontos das partes do texto lido na abertura da Assembleia Geral da ONU. Em outras palavras, foi um discurso sem amarração.

Aliás, ouso dizer que foi um discurso sem pé nem cabeça.

Uma colcha de retalhos com frases de efeito para cutucar uns, afagar outros.

Pura perda de oportunidade.

Pense nisso!

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