OPINIÃO

Governo Bolsonaro não tem mais caixa. O jeito vai ser apelar para cortes

O orçamento é apertado, as reformas são tímidas e o jeito vai ser apelar para cortes. Cortes na Educação, cortes na Saúde, nos programas sociais, cortes nos benefícios das populações mais carentes

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 18/09/2020 às 7:39
EVARISTO SÁ/AFP
Bolsonaro com o ministro da Economia, Paulo Guedes - FOTO: EVARISTO SÁ/AFP

Toda vez que você estiver escrevendo, fazendo consultas no seu computador, deveria levantar os braços aos céus e agradecer ao matemático britânico Alan Turing (1912-1954). Ele foi o mais importante cientista no desenvolvimento do que hoje nós conhecemos de ciência da computação. É de Turing também, uma brilhante frase que nos faz refletir os dias atuais, e a política brasileira, especificamente. “Às vezes, são as pessoas de quem menos esperamos que fazem coisas que ninguém poderia esperar”.

Quando o atual governo começou a ser montado no fim de outubro de 2018, duas correntes eram majoritária no Gabinete de Transição, instalado no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília.

A parte do combate à corrupção, uma das principais bandeiras de campanha, tinha sido entregue ao xerife da Operação Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro. Hoje, nem de longe o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se parece com aquele que iniciou as atividades, em 1º de janeiro de 2019, tendo a corrupção como principal dragão a ser enfrentado.

Na parte econômica, o ministro Paulo Guedes era uma espécie de celebridade dos números. Tinha unidades, dezenas, centenas, milhares de números na ponta de língua. Prometia implantar no país algo que segundo ele era inédito. Um governo liberal. E sempre que fosse possível as obras prioritárias seriam entregues às empresas especializadas.

Passaram-se os meses e hoje, Guedes dá seus pulos para se segurar no governo feito um trapezista que dá o salto mortal sem saber o que o aguarda do outro lado.

O projeto liberal do governo Bolsonaro está se esvaindo. Toma corpo um grupo que já disse ao presidente que essa nova fase deve ser do “Bolsonaro tocador de obras”.

E é aí que o Brasil separa os meninos dos homens. O governo não tem dinheiro em caixa, o orçamento é apertado, as reformas são tímidas e o jeito vai ser apelar para cortes. Cortes na Educação, cortes na Saúde, nos programas sociais, cortes nos benefícios das populações mais carentes. As soluções são as mais esdrúxulas possíveis.

Mas para um governo que começou o primeiro dia de mandato de olho na reeleição, é melhor deixar de lado o discurso ortodoxo e acenar para a população e os apoiadores no Congresso Nacional, com dinheiro para mais obras.

Por enquanto é só fumaça. Como ainda faltam dois anos para a disputa presidencial, pode ser que o governo Bolsonaro surpreenda e faça aquilo que ninguém espera que fizesse. Que desse um jeito na máquina pública, e passasse para a iniciativa privada tudo aquilo que pode ser feito por quem entende do riscado.

Pense nisso!

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