Faminicídio lidera lista de motivações de crimes contra a mulher em Pernambuco. Foto: JC Imagem/Arquivo
Balanço divulgado na semana passada pela Secretaria de Defesa Social (SDS) aponta que 239 mulheres foram assassinadas em Pernambuco em 2018. Mas o número pode ser até 20% maior que o oficial. O
Ronda JC apurou que outros 45 óbitos foram classificados como "mortes a esclarecer", ou seja, ainda não foram identificados como crimes e, por isso, não entraram para as estatísticas.
Nos números oficiais, por exemplo, a SDS afirma que foram registrados 75 feminicídios no ano passado - um a menos que em 2017. Mas, de acordo com dados coletados no Instituto de Medicina Legal (IML), acredita-se que pelo menos outros dois casos que estão classificados como morte a esclarecer podem ser alterados para feminicídios. Se confirmado, a estatística sobe para 77 crimes desse tipo.
Se todos os óbitos que estão como "mortes a esclarecer" forem reclassificados como homicídios, ao final da investigação da polícia, o número pode saltar de 239 para 284 assassinatos de mulheres em 2018. Mas algumas dessas mortes misteriosas podem também se tratar de suicídio ou provocadas por mal súbito, por exemplo.
No ano passado, o
Ronda JC publicou
reportagem exclusiva mostrando um aumento considerável no número de óbitos que estavam sendo classificados como "mortes a esclarecer", ao mesmo tempo em que a SDS anunciava queda nos homicídios. Especialistas questionaram os dados e até falaram na necessidade de um controle externo dessas estatísticas.
Confira, a seguir, um quadro com as motivações das mortes de mulheres em 2018. Observe que os casos de feminicídio e de envolvimento com as drogas lideram o ranking.
Fontes: núcleo de estatísticas da SDS e IML
Em nota enviada ao Jornal do Commercio, nessa quinta-feira (24), a assessoria de imprensa da SDS afirmou que "atualmente, há 26 mortes de mulheres em 2018 a esclarecer". Disse ainda que "as 'mortes a esclarecer' não são um recurso para ocultar os números de CVLIs. A natureza jurídica das mortes violentas intencionais só pode ser definida por um conjunto de elementos que colaboram com o inquérito policial: laudo tanatoscópico, depoimentos, boletim de ocorrência e outras perícias específicas, produzidas em órgãos como IML e IC".
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