Devido a ameaças, policiais precisam fazer a segurança de políticos e membros do Poder Judiciário. Foto: Diego Nigro/JC imagem
A decisão do deputado federal
Jean Wyllys (PSOL-RJ) de deixar o Brasil expôs, mais uma vez, as ameaças constantes aos políticos e membros da sociedade civil que lutam em favor dos direitos humanos. As intimidações provocadas pelos discursos de ódio e pelo avanço das milícias, por exemplo, têm elevado o número de pedidos de proteção policial. Em Pernambuco, 57 policiais militares estão cedidos para fazer a segurança de políticos, promotores de Justiça, juízes, profissionais da Secretaria-Executiva de Ressocialização (Seres) e membros do Movimento Sem Terra. O levantamento, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), foi obtido com exclusividade pelo
Ronda JC.
Entre os integrantes do Ministério Público de Pernambuco que contam com escolta policial há oito promotores - todos lotados em municípios do Interior, como Santa Cruz do Capibaribe, Carpina, Garanhuns, Afogados da Ingazeira e Itaíba.
Em outubro de 2013, o então promotor de Itaíba, Tiago Faria Soares, foi assassinado a tiros dentro do carro na PE-300, em Águas Belas. Segundo as investigações, ele foi morto por conta de disputa de terras. O promotor já teria sofrido ameaças, mas não contava com escolta policial, e nem havia sido transferido para outra Comarca como medida de segurança.
A Polícia Militar de Pernambuco explica que conta com um Comitê de Segurança Institucional responsável poe analisar e tomar medidas protetivas a membros e servidores que sofrem ameaças em virtude da atuação institucional. "Deferida a implementação da segurança, a Polícia Militar realiza analise e define a quantidade de policiais, veículos e horário. Após implantada a segurança aproximada, são realizadas reuniões periódicas para avaliar a continuidade ou não, a ampliação do nível de proteção ou a retirada da segurança", informou, em nota, a assessoria do órgão.
Foi por meio da identificação de um possível risco de atentado que a PM entrou em contato com um deputado estadual informando sobre a necessidade de uma escolta para ele. Atualmente, esse parlamentar, cujo nome será preservado, conta com a segurança de três policiais durante todo o dia.
No total também há dez policiais cedidos para a proteção de prefeitos e ex-prefeitos de municípios como Vertentes, Brejão Águas Belas - todos localizados no interior do Estado. Também há PMs designados à segurança de alguns profissionais da Seres, por conta de ameaças de detentos ou ex-detentos.
JUSTIÇA
No levantamento da LAI há a informação que apenas um juiz conta com escolta policial. O magistrado está lotado num município do Sertão pernambucano. No entanto, segundo apuração do blog, outros magistrados, inclusive da Região Metropolitana do Recife, têm segurança 24 horas por conta de ameaças.
"Existem, sim, magistrados sob proteção. Por questões de segurança, não podemos informar detalhes sobre a situação dos magistrados", informou a assessoria do Tribunal de Justiça de Pernambuco.
A mais recente estatística do Conselho Nacional de Justiça, de maio de 2018, revelava que três magistrados do Estado vivem sob proteção.