TJPE aumenta penas de prisão para os Canibais de Garanhuns

Raphael Guerra
Publicado em 16/07/2019 às 9:36
Foto: NE10


Em decisão unânime, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) aumentaram as penas de prisão do trio que ficou conhecido mundialmente como "Os Canibais de Garanhuns". A mudança nas penas é referente à condenação dos acusados pelo assassinato, ocultação e vilipêndio do cadáver da adolescente Jéssica Camila da Silva Pereira, de 17 anos. O crime ocorreu há 11 anos, em Olinda.

O aumento no tempo de prisão do trio atendeu ao pedido do Ministério Público de Pernambuco, que entrou com recurso por considerar que as penas, definidas no júri popular realizado em 2014, deveriam ser mais severas por causa da gravidade dos crimes.

Jorge Beltrão Negromonte da Silveira havia sido condenado a 21 anos e seis meses de reclusão pelo homicídio qualificado e por ocultação de cadáver, além de um ano e seis meses de detenção por vilipêndio. Agora, terá que cumprir 27 anos de prisão e um ano e meio de detenção. Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva haviam sido condenadas, cada uma, a 19 anos de prisão e um de detenção pelos mesmos crimes de Jorge. Com o aumento, as penas passam para 24 anos de prisão e um de detenção.

A decisão da 1ª Câmara Criminal do TJPE transitou em julgado nessa segunda-feira (15), ou seja, não cabe mais recurso. Mas há outro detalhe: o tempo de prisão dos Canibais de Garanhuns vai ser ainda maior, já que eles foram condenados por mais dois assassinatos cometidos em 2012 no Agreste de Pernambuco. As vítimas foram Alexandra Falcão, 20 anos, e Giselly Helena, 31.

Nesse júri popular, realizado no Recife em dezembro do ano passado, Jorge e Bruna foram condenados a 71 anos de prisão. Isabel foi condenada a 68 anos. Somadas todas as condenações, Jorge deve cumprir 98 anos de prisão e um ano e meio de detenção. Isabel, 92 anos de prisão e um de detenção. Bruna, 95 anos.

RELEMBRE O CRIME

Segundo as investigações, as vítimas eram atraídas com promessas de emprego de babá e chegaram a morar com o trio. Elas foram assassinadas a facadas, depois tiveram os corpos esquartejados. O trio ainda confirmou que praticava canibalismo.

Em depoimento à polícia, Isabel disse que os restos mortais teriam sido usados em salgados, como coxinhas e empadas, vendidos na cidade. Em depoimentos, Jorge, Bruna e Isabel alegaram que os crimes faziam parte da proposta de uma seita chamada Cartel, que tinha por objetivo diminuir a densidade demográfica. Para isso, deveriam exterminar mulheres que tivessem filhos, mas sem condições de criá-los.

A seita foi criada por Jorge. Os Canibais de Garanhuns foram presos em 2012, após a polícia descobrir que eles estavam usando os cartões de crédito de uma das vítimas. Quando chegaram à casa deles, uma criança - filha de Jéssica - apontou para o quintal e disse que ali estavam os corpos das vítimas. Atualmente, Jorge Negromonte está preso na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá. Bruna Cristina e Isabel Pires estão presas na Colônia Penal Feminina de Buíque.

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